Como diz aquele ditado, "o bom filho a casa torna", e à vitória retornou Sebastian Vettel, tão acostumado ao lugar mais alto do pódio na temporada passada e que vinha tendo uma temporada frustrante até aqui.
O resultado, além de ser um alento para a Red Bull, é animador para a própria competitividade do campeonato, que vive uma situação que não ocorria desde 1983, já que temos até aqui quatro pilotos e quatro carros vencedores nas primeiras quatro etapas do ano, algo totalmente diferente do que se viu no ano passado.
Depois de rejeitar o escapamento novo na prova da China, o time austríaco insistiu na reintrodução da peça para Sakhir, agora com uma pequena modificação na traseira do RB8 dando a oportunidade para que Vettel pudesse se sentir novamente à vontade, o que pode ser comprovado se compararmos o andamento do atual bicampeão com o desempenho de Mark Webber.
Até Jiading, à exceção da prova em Melbourne, o australiano simplesmente "engoliu" Vettel, tanto em classificação como em corrida. Porém, no Bahrein, o alemão deu o troco, e com maestria, deixando Webber para trás em quase quarenta segundos, retornando ao domínio que exerceu no time em 2011.
Trata-se, também, da primeira vitória na temporada de um motor Renault que, em Sakhir, "nadou de braçada", conquistando as quatro primeiras posições, em uma perfeita quadrifeta!
Outro time que saiu do Bahrein comemorando foi, logicamente, a Lotus, que teve seus dois pilotos chegando ao pódio, confirmando a expectativa que se tinha sobre o E20, o qual andou muito bem nos testes pré-temporada, e fez bons resultados em treinos de qualificação, faltando ao time somente resultado em corrida, que finalmente veio.
Kimi Räikkönen, aliás, foi o nome da corrida ao meu ver. Saindo da 11ª posição ao ser eliminado no Q2 durante a qualificação, o finlandês foi passando um a um até, montado sobre os pneus médios, encostou em Vettel, que estava com os pneus macios, chegando a discutir com o piloto da Red Bull a vitória.
O finlandês teve chance de assumir a ponta no início da volta 36 mas, aparentemente, não quis arriscar considerando que teria condições melhores para fazer a ultrapassagem posteriormente, as quais não vieram, fazendo com que Räikkönen tivesse de se contentar com o segundo lugar.
Para confirmar o excelente desempenho da equipe, o franco-suíço Romain Grosjean, que teve um início de temporada desastrado, andou de forma consistente e chegou ao seu primeiro pódio na categoria.
Vale dizer que, apesar desse time atual da Lotus ser descendente direto da equipe Renault, que teve dois pilotos no pódio pela ultima vez em Suzuka, no ano de 2006, a marca Lotus, que não ia ao pódio desde Adelaide, em 1988, não chegava terminava entre os três primeiros com a sua dupla de pilotos desde Jarama, na Espanha, em 1979, quando Carlos Reutemann ficou com o segundo lugar e Mario Andretti chegou logo atrás.
Vencedora na prova anterior, a Mercedes não conseguiu repetir em Bahrein o andamento que teve em Jiading. Rosberg, por exemplo, mesmo cheio de confiança por ter finalmente quebrado a barreira da primeira vitória, não conseguiu mais do que duelar com as duas Ferraris durante quase toda a prova, enquanto que Schumacher, eliminado na Q1 na qualificação e alçado à ultima posição do grid por ter substituído a caixa de câmbio, salvou um ponto após ser beneficiado com o problema de Button no final.
Depois de um início quase arrasador na Austrália, a McLaren vem, pouco a pouco, em franco declínio, culminando com a discretíssima corrida no Bahrein, onde marcou pontos apenas com o distante oitavo lugar de Lewis Hamilton, que mais uma vez sofreu com os erros do time em dois pit stops.
Se até o ano passado a Ferrari demonstrava o maior índice de erros em paradas para troca de pneus, em 2011 quem assumiu esse indesejado lugar foi a McLaren, que além de ter errado duas vezes em Sakhir, errou também em todas as provas até aqui, tirando as chances de vitórias de seus pilotos em Sepang e em Jiading.
Já a Ferrari mostrou que, em Maranello, "pau que bate em Chico não bate em Francisco", pois se Felipe Massa foi obrigado a abrir passagem para Fernando Alonso na China por ordem do time porque o espanhol estava em estratégia diferente do brasileiro, era de se esperar que semelhante comando viesse se as condições fossem opostas.
O que se viu no Bahrein, no entanto, foi a política de "dois pesos e duas medidas" do time italiano, já que Felipe Massa, equipado com os pneus macios, era mais rápido do que Fernando Alonso, com pneus médios, mas não teve permissão da Ferrari de que tivesse o caminho facilitado, mas eu aposto que, se o posicionamento dos pilotos fosse diverso, a história seria diferente.
Em razão disso, Massa perdeu a chance de ficar à frente de Lewis Hamilton após a última rodada de pit stops, ficando com o décimo lugar que, posteriormente, se transformou em nono com a parada extra ao final da prova feita por Jenson Button, que teve um pneu furado.
Ainda sim, foi a melhor corrida do brasileiro na temporada, andando o tempo topo bem próximo de Fernando Alonso, chegando, finalmente, aos pontos, ainda que tal desempenho não livre Massa da enxurrada de críticas que sofre dos jornais italianos, que chegaram a apontá-lo como inútil.
Destaque para o grande resultado de Paul di Resta, pela Force India, que, com uma parada a menos que os demais, conseguiu chegar ao sexto posto, marcando pontos pela terceira vez na temporada.
A Sauber, por outro lado, demonstra que o pódio obtido em Sepang foi realmente fruto do acaso, já que, depois disso, só conseguiu marcar um ponto com o décimo lugar conquistado por Kobayashi na China.
Igualmente decepcionado ficou Daniel Ricciardo. Com uma qualificação promissora, quando ficou com o sexto tempo a apenas meio segundo da pole, o australiano sonhava em fazer uma boa corrida, mas logo o sonho virou pesadelo quando cruzou a primeira volta na 16ª posição, terminando a prova atrás de Vergne, seu colega de time que partiu da 17ª colocação no grid de largada, tendo sido obrigado a brigar por posições com Petrov, da nanica Caterham.
Essa foi a classificação final do GP do Bahrein:
1º | Sebastian Vettel (ALE) | Red Bull/Renault | 57 voltas em 1h35min10s990 |
2º | Kimi Räikkönen (FIN) | Lotus/Renault | a 03s333 |
3º | Romain Grosjean (SUI) | Lotus/Renault | a 10s194 |
4º | Mark Webber (AUS) | Red Bull/Renault | a 38s788 |
5º | Nico Rosberg (ALE) | Mercedes | a 55s460 |
6º | Paul di Resta (GBR) | Force India/Mercedes-Benz | a 57s543 |
7º | Fernando Alonso (ESP) | Ferrari | a 57s803 |
8º | Lewis Hamilton (GBR) | McLaren/Mercedes-Benz | a 58s984 |
9º | Felipe Massa (BRA) | Ferrari | a 1min04s999 |
10º | Michael Schumacher (ALE) | Mercedes | a 1min11s490 |
11º | Sérgio Pérez (MEX) | Sauber/Ferrari | a 1min12s702 |
12º | Nico Hülkenberg (ALE) | Force India/Mercedes-Benz | a 1min16s539 |
13º | Kamui Kobayashi (JAP) | Sauber/Ferrari | a 1min30s334 |
14º | Jean-Éric Vergne (FRA) | Toro Rosso/Ferrari | a 1min33s723 |
15º | Daniel Ricciardo (AUS) | Toro Rosso/Ferrari | a 1 volta |
16º | Vitaly Petrov (RUS) | Caterham/Renault | a 1 volta |
17º | Heikki Kovalainen (FIN) | Caterham/Renault | a 1 volta |
18º | Jenson Button (GBR) | McLaren/Mercedes-Benz | a 2 voltas - abandono |
19º | Timo Glock (ALE) | Marussia/Cosworth | a 2 voltas |
20º | Pedro de la Rosa (ESP) | HRT/Cosworth | a 2 voltas |
21º | Narain Karthikeyan (IND) | HRT/Cosworth | a 2 voltas |
22º | Bruno Senna (BRA) | Williams/Renault | a 3 voltas - freios |
Com a vitória, Sebastian Vettel saiu do quinto lugar na tabela para assumir a liderança do campeonato, cuja vantagem poderia ser bem maior se não tivesse cometido aquele erro que lhe custou o quarto lugar em Sepang.
1º | Sebastian Vettel | 53 |
2º | Lewis Hamilton | 49 |
3º | Mark Webber | 48 |
4º | Jenson Button | 43 |
5º | Fernando Alonso | 43 |
6º | Nico Rosberg | 35 |
7º | Kimi Räikkönen | 34 |
8º | Romain Grosjean | 23 |
9º | Sérgio Pérez | 22 |
10º | Paul di Resta | 15 |
11º | Bruno Senna | 14 |
12º | Kamui Kobayashi | 9 |
13º | Jean-Éric Vergne | 4 |
14º | Pastor Maldonado | 4 |
15º | Daniel Ricciardo | 2 |
16º | Nico Hülkenberg | 2 |
17º | Felipe Massa | 2 |
18º | Michael Schumacher | 2 |
Os problemas da McLaren permitiram que a Red Bull roubasse a liderança para ocupar, pela primeira vez no ano, a ponta da tabela do Mundial de Construtores.
O bom resultado da Lotus, que teve seus dois pilotos no pódio, alçou o time do sexto lugar para o terceiro posto, deixando a Ferrari para trás.
1º | Red Bull | 101 |
2º | McLaren | 92 |
3º | Lotus | 47 |
4º | Ferrari | 45 |
5º | Mercedes | 37 |
6º |
Sauber
| 31 |
7º | Williams | 18 |
8º | Force India | 17 |
9º | Toro Rosso | 6 |
A Fórmula 1 encerra a primeira parte asiática do calendário, retornando à ativa em três semanas, com o GP da Espanha, em Barcelona, iniciando a temporada europeia, quando muitos times trarão novidades para os seus carros.
Antes disso, as equipes terão condições de fazer um teste de três dias na pista italiana de Mugello entre os dias 1º a 3 de maio, quando serão testados os pacotes de atualização que deverão estrear na próxima etapa.
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