Mesmo sem ultrapassagens, o que tornaria enfadonha um evento em um circuito normal, a corrida Mônaco é sempre especial, principalmente numa Fórmula 1 tão equilibrada quanto a que estamos tendo o prazer de testemunhar em 2012.
Só para se ter uma ideia da competitividade da atual temporada, a certo ponto da prova, os seis primeiros colocados chegaram a ficar por várias voltas separados entre si em um intervalo de três a cinco segundos, sendo que o pódio foi formado por pilotos que cruzaram a linha de chegada a uma distância de menos de um segundo de diferença.
E dessa vez a "culpa" não pode ser jogada apenas no quesito pneus, que foi a tônica da corrida anterior, na Espanha, quando tivemos a vitória surpreendente de Pastor Maldonado.
Com isso, não há como negar que, de todas as tentativas dos últimos anos para equalizar o desempenho os carros, introduzindo pneus pouco duráveis, retorno dos pneus slicks e DRS, a atitude da FIA em banir os difusores soprados, que utilizavam os gases dos escapamentos dos carros visando ganho de aderência na parte traseira dos carros, foi a mais certa possível para trazer a tão sonhada competitividade à Fórmula 1, que só ganha com isso, para a alegria de Bernie Ecclestone.
Há alguns, porém, que não estão gostando da situação, como é o caso de Niki Lauda, que manifestou-se dizendo que já era hora de alguém "conhecido" começar a se destacar, bem como Mark Webber, o qual demonstrou desagrado pelo excesso de vencedores, declarando que os fãs querem mesmo é rivalidade, e se cansariam ver vários ganhadores.
Quis, no entanto, a ironia do destino que justamente essa "variedade" de vencedores desse a Mark Webber o seu primeiro triunfo na temporada, o segundo nas ruas de Mônaco, estabelecendo o recorde de seis ganhadores diferentes nas seis primeiras provas do ano, algo nunca visto na Fórmula 1, nem mesmo nos seus primórdios ou em épocas em que as quebras nos carros eram frequentes.
Ainda que a marca não tenha sido estendida às equipes, já que se trata da segunda conquista da Red Bull na temporada, que se soma ao triunfo de Vettel em Sakhir, trata-se de histórico e até inesperado diante do grande domínio do time austríaco em 2011, e que certamente será bastante repercutido pela imprensa até o próximo evento do calendário.
Trata-se, também, da terceira vitória consecutiva da Red Bull no circuito citadino de Monte Carlo, estabelecendo, assim, uma certa supremacia nesta pista.
Depois de conseguir arrancar bem, Webber liderou sem problemas, apesar de ter sido sempre seguido de perto por Nico Rosberg. O australiano só não ganhou a prova de ponta-a-ponta porque parou antes de Alonso Massa e Vettel, os quais chegaram a ficar na frente, mesmo que por apenas uma volta.
Mesmo com um carro aparentemente mais rápido, Rosberg não conseguiu fazer com que sua pressão, principalmente ao final da corrida, lhe rendesse o degrau mais alto do pódio. Aliás, a Mercedes mostra que a vitória em Jiading não foi apenas obra do acaso, e a prova é o desempenho de Michael Schumacher que, se não tivesse perdido tanto tempo atrás de Räikkönen no início da prova, certamente comporia o grupo da frente, tanto que em poucas até abandonar.
Apesar de não ter vencido, a Ferrari teve em Monte Carlo o seu melhor fim de semana considerando a equipe como um todo, com um pódio para Fernando Alonso e um Felipe Massa que, a princípio, parece renovado, tendo andado sempre muito próximo do espanhol durante a prova, marcando, com um sexto lugar, o seu melhor resultado na temporada, restando saber se esse desempenho não se deve apenas aos pneus mais macios.
Sebastian Vettel, por outro lado, conseguiu fazer funcionar sua estratégia diferenciada de largar com os pneus macios depois de não ter ido à pista no Q3, saindo da nona colocação para a quarta posição, chegando bem próximo de "abiscoitar" uma vaga no pódio
Foi uma pena, aliás, que a chuva prevista pela agência meteorológica francesa não tenha vindo com a força esperada e "necessária", o que denegou ao GP de Mônaco de 2012 um final que tinha tudo para ser épico.
Das equipes médias, a Force India foi a única que conseguiu colocar ambos os seus carros na zona de pontuação, mesmo escolhendo uma estratégia diversa para seus pilotos, tendo Hülkenberg, largado com os pneus extra-macios e Di Resta saindo com os pneus macios.
Além de pontuar pela terceira oportunidade na temporada, Nico Hülkenberg foi protagonista de um bonito lance de extremo oportunismo quando se aproveitou para, entre a Rascasse e a Anthony Noghès, passar Räikkönen, que titubeou atrás de Pérez, o qual, por sua vez, rumou tardiamente para os boxes e foi justamente punido com um drive through.
O mexicano da Sauber, a propósito, certamente foi o piloto mais combativo da prova e, mesmo largando da penúltima posição do grid, certamente chegaria aos pontos se não tivesse tido esse momento de bobeira.
Depois de vencer na prova anterior, a equipe Williams teve de se contentar com um mísero ponto em Mônaco, conquistado por Bruno Senna, que no começo da corrida andou por muito tempo na oitava colocação e somente chegou à zona de pontuação devido ao problema de Schumacher.
Digno de nota o andamento de Heikki Kovalainen que, com a raquítica Caterham, parecia estar sempre acima do limite do seu carro, foi capaz de segurar atrás de si por várias voltas a McLaren de Button, além de ter vendido bastante cara a então 12ª colocação para Pérez. O finlandês já faz por merecer pontuar com o horrível carro malaio.
Essa foi a classificação final do GP de Mônaco:
1º | Mark Webber (AUS) | Red Bull/Renault | 55 voltas em 1h46min06s557 |
2º | Nico Rosberg (ALE) | Mercedes | a 00s643 |
3º | Fernando Alonso (ESP) | Ferrari | a 00s947 |
4º | Sebastian Vettel (ALE) | Red Bull/Renault | a 01s343 |
5º | Lewis Hamilton (GBR) | McLaren/Mercedes-Benz | a 04s101 |
6º | Felipe Massa (BRA) | Ferrari | a 06s195 |
7º | Paul di Resta (GBR) | Force India/Mercedes-Benz | a 41s537 |
8º | Nico Hülkenberg (ALE) | Force India/Mercedes-Benz | a 42s562 |
9º | Kimi Räikkönen (FIN) | Lotus/Renault | a 44s036 |
10º | Bruno Senna (BRA) | Williams/Renault | a 44s516 |
11º | Sérgio Pérez (MEX) | Sauber/Ferrari | a 1 volta |
12º | Jean-Éric Vergne (FRA) | Toro Rosso/Ferrari | a 1 volta |
13º | Heikki Kovalainen (FIN) | Caterham/Renault | a 1 volta |
14º | Timo Glock (ALE) | Marussia/Cosworth | a 1 volta |
15º | Narain Karthikeyan (IND) | HRT/Cosworth | a 2 voltas |
16º | Jenson Button (GBR) | McLaren/Mercedes-Benz | a 8 voltas - rodada |
Com o terceiro lugar, Fernando Alonso, que chegou a Mônaco empatado em número de pontos com Vettel, que segurava a liderança pelos critérios de desempate, conseguiu abrir três importantes pontos sobre o atual bicampeão, valendo ressaltar que a Ferrari não foi, em momento algum, o melhor carro da temporada, muito pelo contrário.
A vitória de Mark Webber alçou o australiano da quinta para a terceira posição e a apenas três pontos do topo da tabela, estando agora com o mesmo número de tentos de seu colega de equipe, a principal estrela da Red Bull.
1º | Fernando Alonso | 76 |
2º | Sebastian Vettel | 73 |
3º | Mark Webber | 73 |
4º | Lewis Hamilton | 63 |
5º | Nico Rosberg | 59 |
6º | Kimi Räikkönen | 51 |
7º | Jenson Button | 45 |
8º | Romain Grosjean | 35 |
9º | Pastor Maldonado | 29 |
10º | Sérgio Pérez | 22 |
11º | Paul di Resta | 21 |
12º | Kamui Kobayashi | 19 |
13º | Bruno Senna | 15 |
14º | Felipe Massa | 10 |
15º |
Nico Hülkenberg
| 7 |
16º | Jean-Éric Vergne | 4 |
17º | Daniel Ricciardo | 2 |
18º | Michael Schumacher | 2 |
A Red Bull, que assumiu a liderança do campeonato de construtores após a vitória de Vettel no Bahrein, segue na frente, distanciando-se de seus concorrentes, já que a diferença, que era de onze pontos para a McLaren, subiu para 38 após a prova de Mônaco.
O bom resultado de Felipe Massa em relação ao que o brasileiro vinha apresentando na temporada valeu à Ferrari a possibilidade de retomar a terceira posição da Lotus, ainda que apenas pelos critérios de desempate.
1º | Red Bull | 146 |
2º | McLaren | 108 |
3º | Ferrari | 86 |
4º | Lotus | 86 |
5º | Mercedes | 61 |
6º | Williams | 44 |
7º | Sauber | 41 |
8º | Force India | 28 |
9º | Toro Rosso | 6 |
A temporada europeia, depois de apenas duas provas, tem uma folga, já que o circo da Fórmula 1 se dirige para o Canadá onde, daqui a duas semanas, fará a sétima etapa do campeonato no circuito Gilles Villeneuve.
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