Confirmando aquilo que já se esperava quando do encerramento do treino de qualificação, Sebastian Vettel garantiu mais uma vitória para o seu currículo, e outra vez de forma absoluta e perfeita, de ponta-a-ponta, liderando todas as voltas da corrida.
O jovem alemão, sedento em garantir o título já nas ruas de Cingapura, teve um início de prova impressionante, e com a autoridade de um multicampeão que ele ainda não é, enfiando mais de um segundo de média por volta nos demais antes da primeira rodada de pit stops, e já na 12ª passagem liderava com uma vantagem de doze segundos sobre Jenson Button.
Sebastian Vettel fez sua parte, mas a comemoração ficou adiada para Suzuka, já que Jenson Button, que anda muito mais eficiente que seu colega de McLaren, conseguiu o segundo posto, e hoje é o único que ainda tem chances matemáticas.
É realmente algo maravilhoso o que estamos testemunhando nos dias atuais com o nível de pilotagem de Sebastian Vettel que, pelo andar da carruagem, tem tudo para se tornar o melhor piloto de sempre da Fórmula 1, e as corridas que ele fez em Monza e hoje mostram a que me refiro, e o que vemos nesta temporada é bem mais grandioso do que Nigel Mansell fez em 1992 e Michael Schumacher repetiu em 2002, já que o Red Bull RB7, apesar de ser o melhor carro de 2011, não apresenta aquela superioridade toda em relação à concorrência como eram o Williams FW14B e o Ferrari F2002 naqueles anos, e para tanto basta se atentar a Webber, que não vence desde a Hungria no ano passado.
A parceria Red Bull/Adrian Newey/Sebastian Vettel poderá render a todos eles uma série de títulos, o que deverá causar em Lewis Hamilton uma dor de cotovelo crônica, já que o inglês se considera o herdeiro do talento de Ayrton Senna.
A soberba do campeão mundial de 2008, aliás, vem dando frutos, certamente não aqueles que ele esperava obter. Na prova de hoje, alternou momentos brilhantes, quando fez as escaladas sobre o pelotão, com aquele período de apagão cerebral, algo comum em Hamilton, quando acertou o carro de Felipe Massa e destruiu a corrida do brasileiro, que vinha num ritmo honesto, próximo a Fernando Alonso.
Na McLaren, Jenson Button parece realmente estar com a cabeça tranquila, mesmo sendo consistentemente batido por seu colega de time nas qualificações, o campeão de 2009 tem feito corridas consistentes e eficientes, e o resultado disso é refletido na tabela, abrindo 17 pontos de Hamilton, além de ser atualmente o único que briga pelo título com Vettel.
Já a Ferrari sofreu com o problema de desgaste excessivo de pneus, o que é bastante estranho, já que o problema de falta de aquecimento dos compostos gera, na realidade, uma economia no uso do pneu. Com isso, Fernando Alonso não foi efetivo como esperava ser, e o quarto lugar, somente possível após as besteiras de Hamilton, tirou o espanhol definitivamente pela ingrata corrida contra Sebastian Vettel. Além disso, foi uma pena o que aconteceu com Felipe Massa, que teve de se arrastar para os boxes por quase uma volta completa na pista com o pneu furado após ser vítima da intemperança de Lewis Hamilton. Certamente o brasileiro tinha chances de se redimir das corridas chochas que vinha fazendo, e o novo lugar em Cingapura não era o prêmio de consolação desejado.
Michael Schumacher, por outro lado, depois de grandes apresentações em Spa Francorchamps, quando comemorou vinte anos da sua estreia na Fórmula 1, e em Monza, quando segurou Lewis Hamilton por várias voltas,utilizando-se, segundo alguns, de procedimentos irregulares, parece ter "voltado ao normal" em relação ao estado que se encontrava nessa fase pós-retorno. Em mais um erro de cálculo, o multicampeão acertou a traseira de Pérez em uma desastrada tentativa de ultrapassagem na volta 30 entre as curvas 7 e 8, e por muito pouco não decolou, acertando com força a barreira de pneus, o que causou a intervenção do safety car.
O mexicano, que vinha fazendo uma grande prova, e instantes antes foi vítima de um toque sofrido pelo outro piloto da Mercedes GP, Nico Rosberg, acabou saindo ileso, e ainda faturou um ponto ao terminar na décima colocação, retornando à zona de pontuação depois de cinco provas "zerado".
Entre o restante, grande corrida das duas Force India, que terminaram na sexta e oitava colocações. A estratégia de não ir à pista na Q3 para poupar um jogo de pneus super-macios para a corrida foi determinante para o resultado. Podendo escolher com qual composto largariam, Paul di Resta, que optou pelos macios para o primeiro stint, se deu ainda melhor que seu colega de time, o que permitiu ao atual campeão do DTM o seu melhor resultado da carreira na Fórmula 1 em seu ano de estreia, e justamente em uma pista em que ele nunca havia corrido anteriormente.
Esta é a classificação final do GP de Cingapura:
1º | Sebastian Vettel (ALE) | Red Bull/Renault | 61 voltas em 1h59min06s757 |
2º | Jenson Button (GBR) | McLaren/Mercedes-Benz | a 1s737 |
3º | Mark Webber (AUS) | Red Bull/Renault | a 29s279 |
4º | Fernando Alonso (ESP) | Ferrari | a 55s449 |
5º | Lewis Hamilton (GBR) | McLaren/Mercedes-Benz | a 1min07s766 |
6º | Paul di Resta (GBR) | Force India/Mercedes-Benz | a 1min51s067 |
7º | Nico Rosberg (ALE) | Mercedes GP | a 1 volta |
8º | Adrian Sutil (ALE) | Force India/Mercedes-Benz | a 1 volta |
9º | Felipe Massa (BRA) | Ferrari | a 1 volta |
10º | Sérgio Pérez (MEX) | Sauber/Ferrari | a 1 volta |
11º | Pastor Maldonado (VEN) | Williams/Cosworth | a 1 volta |
12º | Sébastien Buemi (SUI) | Toro Rosso/Ferrari | a 1 volta |
13º | Rubens Barrichello (BRA) | Williams/Cosworth | a 1 volta |
14º | Kamui Kobayashi (JAP) | Sauber/Ferrari | a 2 voltas |
15º | Bruno Senna (BRA) | Renault | a 2 voltas |
16º | Heikki Kovalainen (FIN) | Lotus/Renault | a 2 voltas |
17º | Vitaly Petrov (RUS) | Renault | a 2 voltas |
18º | Jérôme D'Ambrosio (BEL) | Virgin/Cosworth | a 2 voltas |
19º | Daniel Ricciardo (AUS) | HRT/Cosworth | a 4 voltas |
20º | Vitantonio Liuzzi (ITA) | HRT/Cosworth | a 4 voltas |
21º | Jaime Alguersuari (ESP) | Toro Rosso/Ferrari | a 5 voltas/abandono |
É realmente impossível que Vettel deixe escapar o bicampeonato na prova de Suzuka, pois para levar a disputa para a Coreia, Jenson Button precisa vencer e torcer para que o alemão não pontue, situação que, apesar de viável, é bastante improvável de acontecer.
Ainda que seja esse o quadro da próxima etapa, o que ocorrerá é apenas a postergação do inevitável, já o britânico precisaria, em todas as corridas restantes, do mesmo resultado para bisar o feito de 2008, ou seja...
Fernando Alonso e Mark Webber foram eliminados da briga pelo título, mas ainda continuam, juntamente com Button e Hamilton, na disputa pelo vice-campeonato, que promete pegar fogo.
1º | Sebastian Vettel | 309 |
2º | Jenson Button | 185 |
3º | Fernando Alonso | 184 |
4º | Mark Webber | 182 |
5º | Lewis Hamilton | 168 |
6º | Felipe Massa | 84 |
7º | Nico Rosberg | 62 |
8º | Michael Schumacher | 52 |
9º | Vitaly Petrov | 34 |
10º | Nick Heidfeld | 34 |
11º | Adrian Sutil | 28 |
12º | Kamui Kobayashi | 27 |
13º | Paul di Resta | 20 |
14º | Jaime Alguersuari | 16 |
15º | Sébastien Buemi | 13 |
16º | Sérgio Pérez | 9 |
17º | Rubens Barrichello | 4 |
18º | Bruno Senna | 2 |
19º | Pastor Maldonado | 1 |
Apesar de estar com uma vantagem bastante confortável, a Red Bull levará mais tempo do que seu piloto para comemorar o título, devendo alcançar o intento, no mais tardar, em Interlagos, ainda que seja mais provável que o campeonato seja definido na Índia.
Com os pobres resultados de Felipe Massa, a Ferrari, que ameaçava uma reação sobre a McLaren a meio da temporada, deixa o time inglês escapar, e certamente deverá ficar com o terceiro posto entre os construtores, repetindo o ano de 2010.
1º | Red Bull | 491 |
2º | McLaren | 353 |
3º | Ferrari | 268 |
4º | Mercedes GP | 114 |
5º | Renault | 70 |
6º | Force India | 48 |
7º | Sauber | 36 |
8º | Toro Rosso | 29 |
9º | Williams | 5 |