No fim de semana retrasado, entre os dias 21 a 23 de outubro, aconteceu na Catalunha a penúltima etapa do WRC, o Campeonato Mundial de Rally da FIA, o Rally da Espanha, contendo um total de dezoito estágios cronometrados, sendo seis na sexta-feira, seis no sábado e os demais seis no domingo, com um total de 406,52 quilômetros de percurso cronometrados, ou 1.589,90 quilômetros, considerando também os trechos de deslocamento.
Comemorando o vigésimo ano do evento no calendário do campeonato principal de rally, os organizadores promoveram algumas modificações. Ante s uma etapa completamente no asfalto, foram introduzidos em 2011 estágios em terreno de terra durante toda a sexta-feira, incluindo uma superespecial noturna, fechando o primeiro dia.
A sexta-feira, aliás, foi decisiva para o resultado da prova, já que Sébastian Loeb transformou a desvantagem de ser o primeiro carro na pista em vantagem, pois apesar da distância de três minutos entre os competidores, a poeira das estradas de terra não baixou, fazendo com que, na sequência, os demais pilotos conduzissem praticamente às cegas.
As condições de visibilidade, para desespero de Daniel Sordo, que corria em casa, não melhorou durante todo o dia, tornando-se crítica no estágio noturno, complicando a estratégia de dupla da Ford, que tentava impor uma diferença suficiente para administrá-la quando chegassem os estágios em asfalto, onde Loeb é praticamente imbatível.
Para se ter uma ideia do problema, três carros foram eliminados no mesmo local ainda na primeira superespecial da competição, Petter Solberg, Ken Block e Ott Tänak, quando todos eles acertaram a mesma pedra no acostamento da pista ao "cortarem" excessivamente uma curva à esquerda.
Com mais de 34 segundos de vantagem abertos ainda no primeiro dia, somente um problema tiraria a vitória de Loeb, problemas estes que rondaram o multicampeão nas últimas etapas, o que permitiu que Hirvonen encostasse na tabela.
No entanto, com a tranquilidade de campeão, Loeb não deu chance ao azar, e fez novamente um rally perfeito, garantindo outra vitória para o seu currículo.
Jari-Matti Latvala foi o único que conseguiu colocar certa pressão sobre Loeb, mas a distância entre ambos era larga demais para que o finlandês levasse o francês a um erro para favorecer seu colega de time na Ford, Mikko Hirvonen, que novamente foi bastante discreto.
Mesmo sendo mais rápido por algumas oportunidades do que Loeb, Latvala, que fazia a sua melhor apresentação no asfalto, foi obrigado novamente por ordens de equipe a sacrificar o seu segundo lugar em favor de Hirvonen no penúltimo estágio, situação que não agradou a Latvala.
Aliás, as ordens de equipe, inclusive, englobaram o power stage, quando novamente Latvala teve de reduzir para deixar Hirvonen com chances de marcar, ao menos um ponto, estratégia essa em vão.
Equipados com pneus macios, a dupla da Mini Cooper foi a mais rápida no power stage, cabendo a Kris Meeke a honra de, pela primeira vez, vencer um estágio, e justamente no dia em que debutava na zona de pontuação do WRC.
Com o tempo de 2min45s7, Meeke ficou com os três pontos de bonificação ao ser mais rápido que seu colega de time mais experiente, o espanhol Daniel Sordo, que cronometrou 2min45s9, e ficou com dois pontos extras, dando à Mini Cooper, capitaneada pela Prodrive, de David Richards, a primeira dobradinha em uma superespecial, deixando Sébastian Loeb com o terceiro posto, e o ponto extra final, com o tempo de 2min50s6
Sébastien Ogier, de quem muito se esperava, principalmente diante da sua rebeldia, já que ainda tinha chances de se sagrar campeão, teve um fim de semana para ser esquecido, com dois pneus furados, um na sexta-feira e um no sábado, o que lhe alijou da briga pela vitória. Para completar, no domingo ainda teve um problema de motor no penúltimo estágio, o que o fez abandonar a prova, trazendo um grande alívio para a Citroën, já que Ogier certamente não terá mais argumento para não seguir as ordens do time.
Destaque final para Evgeny Novikov, que terminou pela primeira vez nos pontos em 2011, justamente na etapa em que deixou a Stobart M-Sport, equipe satélite da Ford, para correr com um Citroën DS3.
Kimi Räikkönen, por outro lado, tinha na Espanha grandes esperanças de voltar a marcar pontos, mas um vazamento de óleo que provocou um pequeno incêndio ainda no primeiro estágio da competição acabou com o sonho do campeão mundial de Fórmula 1 de 2007, sendo obrigado a abandonar logo no início.
Entre os brasileiros que disputaram o Rally da Espanha, o melhor foi Daniel Oliveira, que terminou na 25ª colocação da classificação geral, terminando o evento com um surpreendente quarto lugar no power stage, falhando de receber o ponto de bonificação por apenas 3s1. Já Paulo Nobre, com seu Mitsubishi Lancer EvoX, que estreava em pisto de asfalto, conseguiu a 42ª posição no geral.
Esses foram os que marcaram pontos no Rally da Espanha:
1º | Sébastien Loeb (FRA) | Citroën DS3 |
2º | Mikko Hirvonen (FIN) | Ford Fiesta |
3º | Jari-Matti Latvala (FIN) | Ford Fiesta |
4º | Daniel Sordo (ESP) | Mini Cooper |
5º | Kris Meeke (GBR) | Mini Cooper |
6º | Mads Ostberg (NOR) | Ford Fiesta |
7º | Evgeny Novikov (RUS) | Citroën DS3 (privado) |
8º | Henning Solberg (NOR) | Ford Fiesta |
9º | Dennis Kuipers (HOL) | Ford Fiesta (privado) |
10º | Juho Hänninen (FIN) | Skoda Fabia S2000 |
Loeb, que chegou à Espanha empatado em pontos com Mikko Hirvonen, vai para a derradeira etapa do campeonato com oito pontos de vantagem, graças à ajuda que o finlandês vem tendo de seu colega de time na Ford.
Para ser campeão, no entanto, Hirvonen precisará mais do que ordens de equipe, ainda que não mereça o título pelas pobres apresentações que teve durante todo o ano de 2011.
1º | Sébastien Loeb (França) | 222 |
2º | Mikko Hirvonen (Finlândia) | 214 |
3º | Sébastien Ogier (França) | 193 |
4º | Jari-Matti Latvala (Finlândia) | 146 |
5º | Petter Solberg (Noruega) | 110 |
6º | Mads Ostberg (Noruega) | 70 |
7º | Daniel Sordo (Espanha) | 57 |
8º | Matthew Wilson (Grã-Bretanha) | 53 |
9º | Henning Solberg (Noruega) | 44 |
10º | Kimi Räikkönen (Finlândia) | 34 |
11º | Frederico Villagra (Argentina) | 20 |
12º | Dennis Kuipers (Holanda) | 17 |
13º | Khalid Al-Qassimi (Emirados Árabes) | 15 |
14º | Juho Hänninen (Finlândia) | 14 |
15º | Kris Meeke (Grã-Bretanha) | 13 |
16º | Hayden Paddon (Nova Zelândia) | 10 |
17º | Martin Prokop (Rep. Tcheca) | 7 |
18º | Ott Tänak (Estônia) | 7 |
19º | Per-Günnar Andersson (Suécia) | 6 |
20º | Michal Kosciuszko (Polônia) | 6 |
21º | Evgeny Novikov (Rússia) | 6 |
22º | Armindo Araújo (Portugal) | 4 |
23º | Oleksander Saliuk (Ucrânia) | 4 |
24º | Ken Block (Estados Unidos) | 4 |
25º | Peter van Merksteijn (Holanda) | 2 |
26º | Benito Guerra (México) | 2 |
27º | Pierre Campana (França) | 2 |
28º | Bernardo Sousa (Portugal) | 1 |
29º | Patrik Flodin (Suécia) | 1 |
Os resultados em Costa Daurada deram à Citroën o sétimo título de construtores, o quarto deles de forma consecutiva, mostrando a força da marca francesa em conjunto com Sébastien Loeb.
1º | Citroën WRT | 397 |
2º | Ford WRT | 351 |
3º | Stobart-M Ford | 145 |
4º | Petter Solberg WRT | 98 |
5º | FERM Power Tools WRT | 44 |
6º | Team Abu Dhabi | 42 |
7º | Munchi's Ford | 38 |
8º | Monster WRT | 19 |
9º | Van Merksteijn Motorsport | 16 |
10º | Brazil WRT | 3 |
O próximo compromisso do WRC é o Rally da Grã-Bretanha, no País de Gales, daqui a duas semanas, entre os dias 11 e 13 de novembro, etapa de encerramento do campeonato, disputado em piso de terra, que normalmente se transforma em lama em razão do clime local, e onde Sébastian Loeb não perde desde 2008.