O plano de Sebastian Vettel era comemorar o título com uma vitória, como o fez no ano passado, e a superioridade da Red Bull em Suzuka nas edições anteriores do GP do Japão permitiu que o alemão pudesse aspirar por tudo isso, mas ele não contava com a força da McLaren e, principalmente, de Jenson Button, que dominaram os treinos livros, mas que perderam a pole position pela magistral flying lap de Vettel.
O início da prova deixou transparecer que o piloto da Red Bull teria mais uma daquelas suas vitórias, disparando na frente logo de início para se tornar inalcançável no fim, e a vantagem de cinco segundos aberta sobre Button até a nona volta parecia dizer a mesma coisa, mas infelizmente para Vettel não foi isso que acabou acontecendo no desenrolar da competição.
Sofrendo com o desgaste prematuro dos pneus, Vettel foi sempre o primeiro dos ponteiros a fazer seus pit stops, e já na segunda parada perdeu a ponta para Jenson Button, que realmente fez um trabalho fantástico na volta que antecedeu a sua parada, sendo mais rápido com os pneus macios desgastados do que Vettel foi com pneus novos.
Em uma fantástica fase na carreira, ainda melhor àquela que viveu em 2009 na Brawn, quando se sagrou campeão, Button só teve o trabalho de administrar sua liderança, que já poderia ter sido sua logo de início, quando largou melhor que Vettel e foi por ele espremido nos primeiros metros, o que o levou a perder a posição para Hamilton, atitude que fez Button pedir por rádio uma punição para o alemão, sanção essa que, felizmente, não veio, pois poderia deixar margem a especulações acerca de politicagens.
A vitória de Button, a terceira na temporada, ainda que conquistada "nos boxes", sem uma ultrapassagem em pista, foi mais do que merecida, e coroou o fim de semana quase perfeito dele, ainda que tivesse em suas mãos uma inútil tarefa de tentar levar a disputa pelo título para a Coreia.
Na última rodada de paradas, ao retornar atrás de Rosberg, que brigava ferrenhamente pela nona posição com Sutil, Vettel perdeu segundos preciosos, suficientes para perder também a segunda posição para Alonso quando este fez o seu pit stop derradeiro.
O espanhol, aliás, deu um verdadeiro show de pilotagem ao segurar Vettel atrás de si por algumas voltas, ajudado, é claro, pelo fraco sistema de KERS que equipa os carros da Red Bull, mas que deve ser exultado principalmente porque naquele instante o Ferrari já estava equipado com os compostos médios, que sabidamente trazem aos carros vermelhos uma queda de desempenho em relação aos demais pela dificuldade que o 150º Itália possui para aquecer adequadamente os pneus, o que somente enaltece o trabalho de Alonso para levar o troféu de segundo lugar para casa.
Apesar do título não ter vindo com uma vitória como era desejado, Vettel foi inteligente em se tranquilizar no terceiro lugar, abdicando a luta por posições com Alonso, o que em nada diminui a conquista, e comemorar o mais do que merecido bicampeonato, e a emoção do jovem piloto tedesco ao final da prova sequer o fez lembrar que não foi campeão vencendo como planejava.
Entre os demais, Lewis Hamilton mostra que realmente anda perturbado, seja por ter sido completamente apagado na McLaren em 2011 por Jenson Button, seja porque possui como empresário alguém do showbiz, e mais uma vez se envolveu num toque com Felipe Massa que, por sorte, não causou grandes prejuízos a ambos. O britânico se desculpou dizendo que não teve má intenção e jogou a culpa nos espelhos retrovisores do seu carro, mas o brasileiro pede atenção maior à FIA antes que algo de grave aconteça. O fato é que Hamilton deveria ser punido, e não o foi porque os comissários consideraram que o britânico não mudou sua trajetória em relação à linha feita por ele na volta anterior. A questão, entretanto, é que foi justamente essa conduta que levou Hamilton tocar em Massa, pois aquele ignorou completamente a presença deste ao seu lado, sem deixar qualquer espaço para o brasileiro. É realmente triste o que acontece com Hamilton que, sem dúvida alguma, é o piloto mais agressivo do grid.
De se engrandecer a corrida de ambas as Mercedes GP, com Schumacher, que escapou de uma rodada ao ser tocado por Webber nos "Esses", conquistando um sexto lugar, e Rosberg, que saiu da penúltima posição na grelha de partida para ficar com a última vaga na zona de pontuação com o décimo posto.
Com uma péssima largada, Kamui Kobayashi aparentava repetir em Suzuka o que fez no ano passado, e a grande ultrapassagem sobre Alguersuari no Hairpin na volta 16, com direito a drible e tudo, parecia confirmar as expectativas, mas o piloto japonês ficou muito tempo preso atrás do tráfego, e a estratégia errada na escolha dos pneus não o ajudou, perdendo várias posições no terço final da prova, o que o fez ficar longe dos pontos, para decepção do público que lotou o autódromo.
A Sauber, porém, não ficou de mãos vazias. Sérgio Pérez, com um desempenho notável, conseguiu um excepcional oitavo lugar, e chegou a fazer a melhor volta da corrida na quadragésima passagem, e no fim ainda se permitiu fazer uma "pegadinha" com a equipe dizendo pelo rádio que seu motor havia morrido antes de cruzar a linha de chegada..
Por fim, é de se destacar o resultado da Lotus que, pela primeira vez na sua curta história, conseguiu terminar a corrida na mesma volta do vencedor. Ainda que isso só tenha sido alcançado em razão da intervenção do safety car na metade da corrida, é importante ver que o time de Tony Fernandes, que provavelmente se chamará Caterham em 2012, é o único daqueles que estrearam no ano passado que parece estar em contínua evolução.
Esta é a classificação final do GP do Japão:
1º | Jenson Button (GBR) | McLaren/Mercedes-Benz | 53 voltas em 1h30min53s427 |
2º | Fernando Alonso (ESP) | Ferrari | a 1s160 |
3º | Sebastian Vettel (ALE) | Red Bull/Renault | a 2s006 |
4º | Mark Webber (AUS) | Red Bull/Renault | a 8s071 |
5º | Lewis Hamilton (GBR) | McLaren/Mercedes-Benz | a 24s268 |
6º | Michael Schumacher (ALE) | Mercedes GP | a 27s120 |
7º | Felipe Massa (BRA) | Ferrari | a 28s240 |
8º | Sérgio Pérez (MEX) | Sauber/Ferrari | a 39s377 |
9º | Vitaly Petrov (RUS) | Renault | a 42s607 |
10º | Nico Rosberg (ALE) | Mercedes GP | a 44s322 |
11º | Adrian Sutil (ALE) | Force India/Mercedes-Benz | a 54s447 |
12º | Paul di Resta (GBR) | Force India/Mercedes-Benz | a 1min02s326 |
13º | Kamui Kobayashi (JAP) | Sauber/Ferrari | a 1min03s705 |
14º | Pastor Maldonado (VEN) | Williams/Cosworth | a 1min04s194 |
15º | Jaime Alguersuari (ESP) | Toro Rosso/Ferrari | a 1min06s623 |
16º | Bruno Senna (BRA) | Renault | a 1min12s628 |
17º | Rubens Barrichello (BRA) | Williams/Cosworth | a 1min14s191 |
18º | Heikki Kovalainen (FIN) | Lotus/Renault | a 1min27s824 |
19º | Jarno Trulli (ITA) | Lotus/Renault | a 1min36s140 |
20º | Timo Glock (ALE) | Virgin/Cosworth | a 2 voltas |
21º | Jérôme D'Ambrosio (BEL) | Virgin/Cosworth | a 2 voltas |
22º | Daniel Ricciardo (AUS) | HRT/Cosworth | a 2 voltas |
23º | Vitantonio Liuzzi (ITA) | HRT/Cosworth | a 3 voltas |
Os dois títulos de Sebastian Vettel foram conquistados em circunstâncias bastante diferentes. Enquanto no ano passado o jovem alemão só figurou na ponta do certame após a última corrida, em Abu Dhabi, em 2011 ele liderou a tabela desde a prova inaugural, em Melbourne, marcando pontos em todas as etapas até aqui, e ficou fora do pódio em apenas uma oportunidade, justamente "em casa", no circuito de Nürburgring, quando terminou na quarta colocação.
Isso mostra que tanto o piloto como a equipe aprenderam com os erros de 2009 e 2010. O RB7 logicamente facilitou esse trabalho, mas carro sem piloto a altura não chega a lugar algum (Mark Webber é a prova disso). Por isso, o vertiginoso amadurecimento e a tranquilidade alcançados por Vettel após a taça do ano passado, foram vitais para o bicampeonato com quatro corridas de antecedência, e tudo isso com apenas 24 anos, o que torna o feito realmente impressionante.
Resta, portanto, a briga pelo vice-campeonato, que promete ser bastante quente, entre Button, Alonso, Webber e, correndo por fora, Hamilton.
É curioso notar que o GP do Japão só alterou uma posição na tabela do campeonato, com Sérgio Pérez subindo do 16º para o 15º posto, ainda que esteja empatado em pontos com Sébastien Buemi.
1º | Sebastian Vettel | 324 |
2º | Jenson Button | 210 |
3º | Fernando Alonso | 204 |
4º | Mark Webber | 194 |
5º | Lewis Hamilton | 178 |
6º | Felipe Massa | 90 |
7º | Nico Rosberg | 63 |
8º | Michael Schumacher | 60 |
9º | Vitaly Petrov | 36 |
10º | Nick Heidfeld | 34 |
11º | Adrian Sutil | 28 |
12º | Kamui Kobayashi | 27 |
13º | Paul di Resta | 20 |
14º | Jaime Alguersuari | 16 |
15º | Sérgio Pérez | 13 |
16º | Sébastien Buemi | 13 |
17º | Rubens Barrichello | 4 |
18º | Bruno Senna | 2 |
19º | Pastor Maldonado | 1 |
Apesar da McLaren ter diminuído a diferença com relação à Red Bull de 138 para 130 pontos, o time austríaco tem a chance de "fechar a conta" já na Coreia, em uma combinação de resultados muito similar a que Vettel precisou para ser campeão em Suzuka, pois a equipe britânica, para levar a disputa para a Índia, necessita marcar ao menos dois pontos a mais que a Red Bull.
1º | Red Bull | 518 |
2º | McLaren | 388 |
3º | Ferrari | 292 |
4º | Mercedes GP | 123 |
5º | Renault | 72 |
6º | Force India | 48 |
7º | Sauber | 40 |
8º | Toro Rosso | 29 |
9º | Williams | 5 |
Em 2010, a vitória ficado com Fernando Alonso, que recebeu a bandeira quadriculada já praticamente sem luz natural depois da corrida ter sido paralisada em razão da forte chuva que caiu naquele dia.
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