No próximo domingo, iniciando a segunda fase asiática da temporada, será disputado o GP de Cingapura no circuito citadino construído nas ruas da cidade de Cingapura, e que foi desenhado pelo conhecido Hermann Tilke. Trata-se de mais um empreendimento que visa suprir o capricho de Bernie Ecclestone de levar cada vez mais provas da categoria à Ásia, disposta a pagar muito mais do que os tradicionais países que sempre abrigaram a F1.

O GP de Cingapura foi o primeiro evento da categoria a ser disputado à noite, transformando a corrida em espetáculo, e esse, aliás, é o único atrativo da prova, já que as ultrapassagens são praticamente impossíveis nessa pista bastante ondulada. Além disso, é uma corrida bastante feroz fisicamente para os pilotos, que costumam chegar extenuados ao final após quase duas horas. Os freios também são grandes preocupações nesse traçado, já que bastante exigidos, sendo que em 2009 tanto a Red Bull como a Toro Rosso tiveram problemas de desgaste excessivo das pastilhas.

Essa será a quarta edição da corrida, que estreou no calendário da categoria em 2008, sempre nesse mesmo traçado, que ficou famoso por ser palco do infame escândalo protagonizado por integrantes da equipe Renault, e que levou Nelson Ângelo Piquet a bater de propósito seu carro na curva 17 para favorecer a vitória do seu companheiro de equipe à época, Fernando Alonso. Em 2009 foi a vez de Lewis Hamilton vencer a prova, marcando a primeira conquista de um carro equipado com o KERS, o sistema de recuperação de energia cinética.

Fernando Alonso é o piloto que mais venceu a prova, com duas conquistas em 2008 e 2010. Já o recorde da pista percente a Kimi Räikkönen que, em 2008, marcou o tempo de 1min45s599, com média de 172,740 km/h, a bordo da Ferrari F2008 V8, tempo este que certamente não será repetido, já que a partir de 2009 algumas zebras na pista acabaram sendo elevadas para forçar a diminuição da velocidade dos carros em alguns pontos. Só para ter uma ideia, na prova realizada há dois anos, a melhor volta foi quase três segundos mais lenta que em 2008, e no ano passado os tempos baixaram cerca de meio segundo em relação à temporada anterior.

O circuito, que tem 5,073 quilômetros de extensão, gira em sentido anti-horário, com um total de 23 curvas, a maioria delas em 90º, sendo 14 para a esquerda, e 9 para a direita. Os carros são regulados com praticamente a máxima pressão aerodinâmica possível para ter uma boa velocidade nas curvas e tração na saída delas, bem como há um amolecimento na suspensão e aumento na distância entre o assoalho do carro e o solo para um melhor desepenho nas grandes ondulações da pista.

O melhor ponto de ultrapassagem fica ao final da maior reta do traçado, ou seja, na freada para a curva 7, razão pela qual a reta que antecede essa curva foi a escolhida para ser a zona de ativação da asa móvel, cujo trecho se inicia a cerca de 35 metros da saída da curva 5. A zona de detecção, por seu turno, foi posicionada na curva 4.

Como de costume nas pistas de Tilke, a reta principal é relativamente curta, e o carro atinge cerca de 290 km/h ao final dela, para então iniciar a frenagem para a curva 1, à esquerda, a Sheares Corner, feita em terceira marcha, a cerca de 115 km/h, deixando o carro deslizar para a tangência da curva 2, à direita, que é feita praticamente como uma reta, onde os carros chegam a exceder o limite da zebra, freando logo em seguida para a curva 3, à esquerda, reduzindo uma marcha, a cerca de 90 km/h. Na saída, o piloto percorre a curva 4, a Republic Boulevard, à esquerda, que se trata de um mero desvio na trajetória, sem necessidade de reduzir a velocidade ou dosar o acelerador, já na quarta marcha, a cerca de 200 km/h.

O piloto, então, "solta" o carro para a parte interna da pista, freando para a curva 5, feita em terceira marcha, a pouco mais de 130 km/h, entrando no trecho de maior velocidade da pista, a Raffles Boulevard, que é entrecortada pela curva 6, à direita, também um mero desvio na trajetória, feito com o acelerador a pleno, já em sétima marcha, a cerca de 270 km/h. Ao final da mais extensa reta, em que a velocidade dos carros chega a quase 300 km/h, há a forte freada para a curta 7, a Memorial Corner, reduzindo-se para a terceira marcha, a cerca de 110 km/h, entrando na Nicoll Highway. Logo em seguida, nova freada para a apertada e lenta curva 8 à direita, feita em segunda marcha, a cerca de 95 km/h. Novo trecho em reaceleração pela Stamford Road até a frenada para a curva 9 à direita, de raio longo, feita em terceira marcha, a cerca de 120 km/h.

Inicia-se um pequeno trecho em reta pela Saint Andrews Road onde se chega a engatar a sétima marcha até nova freada forte para a chicane, a curva 10, a Singapore Sling, reduzindo para a segunda marcha, a menos de 100 km/h, que obriga os pilotos a leves giros no volante para a esquerda, direita e esquerda. Esse foi o local em que as zebras foram elevadas para 2009, já que em 2008 o trecho era percorrido em terceira marcha. Na saída da curva 10, o carro é trazido rapidamente para o lado interno da pista para a segunda chicane, um pouco mais rápida, composta pelas curvas 11 e 12, primeiro à direita, e depois à esquerda, ambas feitas em segunda  marcha, a pouco mais de 100 km/h. Na saída, o carro passa por cima de uma ponte, a Anderson Bridge, até a freada para a curva 13, um grampo feito à esquerda em segunda marcha, a cerca de 80 km/h.

Na saída do grampo, o carro passa por novo trecho em reta, a Esplanade Drive, atingindo cerca de 280 km/h em sétima marcha, quando então se freia para uma nova curva lenta e apertada, a 14, à direita, eita também em segunda marcha, a pouco mais de 80 km/h. Na saída da curva 14, o bólido ganha a Raffles Avenue, passando pela curva 15 à esquerda, que é bastante "manhosa", já que é bem no meio dela que se inicia a freada para a curva seguinte, a 16, à direita, reduzindo de 280 km/h para menos de 100 km/h, diminuindo da sétima para a segunda marcha. Sem tempo para trazer o carro para fora para a tangência ideal, o carro já inicia o contorno para a curva 17, à esquerda, famosa pelo acidente de Nelson Piquet em 2008, em terceira marcha, a pouco mais de 110 km/h.

Os carros passam, então, pelo trecho onde há uma plataforma flutuante no lado externo da pista, bastante visível pela transmissão, para logo frear para a curva 18, à esquerda, feita em segunda marcha, a pouco mais de 80 km/h, percorrendo um breve trecho por debaixo das arquibancadas até a curva 19, à direita, a cerca de 110 km/h, entrando em novo trecho curto de reaceleração até a última chicane, as curvas 20 e 21, a primeira perna à direita e a segunda à esquerda, feitas em segunda marcha a menos de 100 km/h e em terceira a, aproximadamente, 110 km/h, respectivamente. Na saída, os carros passam bem próximo ao muro externo da pista.

Depois da 21, há as duas últimas curvas da pista, que são relativamente rápidas, ambas à esquerda, a 22 e a 23, feitas como se fosse uma só curva com dois pontos de tangência, contornando-as em quinta marcha, a cerca de 200 km/h. A precisão é primordial para que o carro atinja boa velocidade na reta principal, completando, assim, uma volta pela pista.

Aqui vão dois vídeos com uma volta virtual pela pista de rua de Cingapura:


Se fosse para apostar em alguém, eu apostaria "seco" em uma vitória de Sebastian Vettel, e por dois motivos, sendo o primeiro deles o fato de estar ao volante do melhor carro de 2011, que vem ainda mais forte depois ter vencido exatamente na pista que menos lhe favorece, Monza. A segunda razão é a motivação do jovem piloto alemão, que já declarou que quer merecer a conquista do bicampeonato, e não apenas "correr com o regulamento debaixo do braço".

Existe, porém, a possibilidade de um bom resultado da Ferrari, já que a Pirelli escolheu os compostos macios e supermacios para a pista asiática, fato que favorece o time italiano. Além disso, não se pode deixar de lembrar o bom retrospecto de Fernando Alonso nesse traçado, com duas vitórias e um terceiro lugar.

Algo que pode apimentar a disputa na pista é a possibilidade de chuva tanto no sábado quanto no domingo. É, porém, uma situação que traz preocupações aos pilotos, que já têm a visão prejudicada em razão da falta de luz natural. Ainda que a chuva caia antes das sessões de treino ou da corrida, a probabilidade de que os carros enfrentem uma pista encharcada no começo, é real e bastante perigosa, já que spray de água lançado pelos pneus, além de dificultar a visibilidade de quem vem atrás, demora a ser dissipado em razão da proximidade dos muros em relação ao traçado.

A corrida está prevista para ser disputada em 61 voltas, as quais devem ser cumpridas em cerca de uma hora e cinquenta e cinco minutos em caso de pista seca. Caso a chuva prevista vier, é muito provável que haja o encerramento da prova no tempo limite de duas horas, isso se não houver interrupção por problemas de visibilidade.