A corrida que aconteceu na madrugada de domingo foi realmente surpreendente, interessante e bastante significativa para se analisar o equilíbrio de forças que se instaurou na temporada de 2012.
É evidente que a McLaren é a força principal, pelo menos nesse início de temporada, mas certamente não há um domínio como se viu no ano passado com a Red Bull, ainda que o MP4-27, único à exceção da Marussia a apresentar um bico sem degrau, aparentemente é o carro mais equilibrado em Melbourne.
Tirando proveito desse equilíbrio, Jenson Button foi simplesmente perfeito na condução do seu carro e mostrou que as declarações dadas após o treino de ontem, que um errinho no último setor na Q3 lhe tirou a pole position, não eram simples desculpas.
O campeão de 2009 fez uma excelente largada, tomando a ponta sobre seu companheiro já na primeira curva, e depois disso comandou a prova como quis, sabendo diminuir o ritmo quando precisou para poupar pneus e combustível para se defender de eventuais ataques no final da prova após a intervenção do safety car, jamais deixando de ter o controle da situação por um segundo sequer.
Novamente Jenson Button tem tudo para "apagar" o outrora protegido da McLaren, Lewis Hamilton, único no pódio com cara amarrada de menino mimado, ainda que o campeão de 2008 tenha perdido o merecido segundo lugar devido a um fato circunstancial, ou seja, a entrada do safety car, que permitiu a Vettel parar para fazer sua última troca de pneus e ainda retornar na segunda posição.
Após um treino de qualificação ruim e um começo de prova longe do ritmo das McLarens, a Red Bull mostrou que não está tão atrás, principalmente nas mãos de Sebastian Vettel, mas ainda sim o time de Adrian Newey precisará de algumas atualizações nos carros se quiser disputar vitórias, de igual para igual, com Button e Hamilton
A excepcional largada e desempenho inicial de ambos os carros da Ferrari dão sinal que as coisas não estão tão desesperadora para os lados de Maranello. Ainda sim, terão muito trabalho para recolocar as coisas nos eixos se quiseram voltar a, pelo menos figurar no pódio, já que o nível de desgaste dos pneus no F2012 parece ser bem mais acentuado que suas rivais.
A Sauber foi a melhor equipe do pelotão intermediário, a única, com exceção da McLaren e Red Bull, a pontuar com seus dois pilotos. Nesse aspecto, Sérgio Pérez, que largou da última posição, foi magistral, fazendo 24 voltas com os pneus prime e, pasme, 32 giros com os pneus option. O mexicano abriu a última volta na sétima posição, ganhando a sexta com o acidente de Maldonado, mas praticamente sem pneus não aguentou o ataque final de Rosberg, e ambos se tocaram. Pérez ainda salvou o oitavo posto, deixando, de bandeja, a sexta colocação para o seu companheiro de equipe, o espetacular Kamui Kobayashi.
A grande decepção da prova foi mesmo a Mercedes. Novamente sofrendo com o desgaste pronunciado dos pneus, o time de Ross Brawn e Norbert Haug não foi capaz de fazer frente à McLaren e Red Bull. Michael Schumacher, único no time a ter se adaptado bem ao W03, vinha bem no terceiro posto até ter problemas de câmbio, que o levaram a abandonar. Já Rosberg nunca foi capaz de andar na mesma toada do seu colega de time, sendo vítima de ultrapassagens de rivais a torto e a direito durante toda a prova.
Já a Lotus viveu outro dia antagônico, mas dessa vez o contrário. Se ontem Räikkönen decepcionou e Grosjean supreendeu, na corrida foi a vez do franco-suíço desiludir, com uma péssima largada e posteriormente abandonar com a quebra da suspensão dianteira direita após ser tocado por Maldonado numa tentativa de ultrapassagem, e do finlandês comemorar, marcando seus primeiros pontos em sua corrida de retorno à Fórmula 1 depois de muitas dificuldades na prova, ainda que tenha tido muita sorte na última volta, quando ganhou as posições de Maldonado, Pérez e Rosberg.
A Williams foi outro time que deu mostras de ter se recuperado após um desastroso ano de 2011. Nas mãos de Pastor Maldonado, o FW34 esteve sempre na zona de pontuação e ainda foi capaz de desafiar os carros das equipes de pontos, imprimindo forte pressão sobre a Ferrari de Alonso após a intervenção do safety car. Na última volta, Maldonado "apagou" e aprontou aquilo que sempre se espera do venezuelano, uma besteira monumental, colocando suas rodas esquerdas excessivamente na zebra na curva Marina para depois acertar com vontade o muro na curva 7, jogando fora um sexto lugar importante, pois representaria mais pontos do que a Williams conquistou na temporada passada inteira.
Os novos pilotos da Toro Rosso nada acrescentaram em relação à dupla dos anos anteriores. Daniel Ricciardo conseguiu pontuar pela primeira vez na carreira, e ainda "em casa", graças à infelicidade alheia e Jean-Éric Vergne perdeu a chance de marcar pontos na estreia depois de ser ultrapassado na última volta por seu colega de time e por Di Resta nos metros finais da reta de chegada.
De outro lado, os brasileiros foram igualmente patéticos. Eles não ficaram sequer próximo do andamento de seus companheiros de time e o toque havido entre ambos na 47ª passagem na briga pela 13ª posição representou a situação de "fim de feira" para os dois.
Para Massa a situação é ainda pior. Deveria ser presentado pelo troféu "alegria da garotada" na prova, pois foi ultrapassado por praticamente todo o pelotão intermediário. A desculpa pelo desgaste não cola mais, bastando ver o que Alonso fez em Albert Park, e há quem diga que o brasileiro não verá o fim da temporada sentado no carro da Ferrari se as coisas continuarem assim.
Essa foi a classificação final do GP da Austrália:
1º | Jenson Button (GBR) | McLaren/Mecedes-Benz | 56 voltas em 1h34min09ss565 |
2º | Sebastian Vettel (ALE) | Red Bull/Renault | a 02s138 |
3º | Lewis Hamilton (GBR) | McLaren/Mercedes-Benz | a 04s075 |
4º | Mark Webber (AUS) | Red Bull/Renault | a 04s547 |
5º | Fernando Alonso (ESP) | Ferrari | a 21s565 |
6º | Kamui Kobayashi (JAP) | Sauber/Ferrari | a 36s766 |
7º | Kimi Räikkönen (FIN) | Lotus/Renault | a 38s014 |
8º | Sérgio Pérez (MEX) | Sauber/Ferrari | a 39s458 |
9º | Daniel Ricciardo (AUS) | Toro Rosso/Ferrari | a 39s556 |
10º | Paul di Resta (GBR) | Force India/Mercedes-Benz | a 39s737 |
11º | Jean-Éric Vergne (FRA) | Toro Rosso/Ferrari | a 39s8484 |
12º | Nico Rosberg (ALE) | Mercedes | a 57s642 |
13º | Pastor Maldonado (VEN) | Williams/Renault | a 1 volta - acidente |
14º | Timo Glock (ALE) | Marussia/Cosworth | a 1 volta |
15º | Charles Pic (FRA) | Marussia/Cosworth | a 5 voltas - pressão do óleo |
16º | Bruno Senna (BRA) | Williams/Renault | a 6 voltas - superaquecimento |
Com a vitória, Jenson Button lidera o campeonato, sendo essa a primeira vez desde o título de 2009 que o britânico figura na ponta, sem contar que também é a primeira vez desde a corrida em Interlagos, em 2010, que Vettel não aparece no topo da tabela de pontuação.
1º | Jenson Button | 25 |
2º | Sebastian Vettel | 18 |
3º | Lewis Hamilton | 15 |
4º | Mark Webber | 12 |
5º | Fernando Alonso | 10 |
6º | Kamui Kobayashi | 8 |
7º | Kimi Räikkönen | 6 |
8º | Sérgio Pérez | 4 |
9º | Daniel Ricciardo | 2 |
10º | Paul di Resta | 1 |
Com ambos os seus pilotos no pódio, a McLaren conquista a ponta no Mundial de Construtores. A Sauber, com seus dois carros na zona de pontuação, surpreende com o terceiro lugar, à frente da Ferrari.
1º | McLaren | 40 |
2º | Red Bull | 30 |
3º | Sauber | 12 |
4º | Ferrari | 10 |
5º | Lotus | 6 |
6º | Toro Rosso | 2 |
7º | Force India | 1 |
Sem tempo para que os times desenvolvam novas peças nas suas fábricas, todas serão obrigadas a se deslocar com o mesmo carro para a próxima etapa, que acontecerá já no domingo que vem, no calor e umidade da Malásia, onde Sebastian Vettel dominou nos dois anos anteriores.
show!! Chicore
ResponderExcluir