Responsável por competições enfadonhas desde que estreou no calendário da categoria em 2009, a pista de Yas Marina, pela primeira vez em sua curta história, foi palco de uma corrida excepcional e digna da disputa do título travada entre dois dos maiores pilotos da Fórmula 1 na atualidade, Fernando Alonso e Sebastian Vettel.
As alternativas se iniciaram ainda no treino de qualificação, quando Alonso não foi bem e ficou apenas com o sétimo posto para, então, receber a notícia da desclassificação de Vettel, o qual largaria em terceiro, com chances de abrir distância suficiente na tabela do certame para "embolsar" o terceiro caneco consecutivo já nos Estados Unidos.
Após a largada, tudo indicava que o espanhol sairia de Abu Dhabi à frente no campeonato, principalmente pelos problemas enfrentados pelo alemão nas primeiras voltas, quando perdeu parte da asa dianteira em um toque com Bruno Senna, peça que sofreu ainda mais danos quando o RB8 atingiu a placa do DRS durante o primeiro período de safety car para não acertar Ricciardo, que diminuiu a velocidade em plena reta, obrigando Vettel a uma antecipação de sua parada.
Porém uma nova intervenção do carro de segurança deu novo destino à corrida ao eliminar as diferenças e permitir que o atual bicampeão pudesse se recolocar na briga pelo pódio, já com uma parada a mais, a segunda, contra apenas uma dos demais, quando colocou os pneus macios, dando certa vantagem para ele na briga com os três primeiros colocados, que estavam equipados com os pneus médios.
A princípio vulnerável após a segunda relargada em relação a Button e Vettel, Alonso magistralmente conseguiu se desgarrar e, com uma série de voltas mais rápidas, encostou em Räikkönen, que seguia com certa tranquilidade na ponta, terminando a menos de um segundo do vencedor, o que significa dizer que, se a corrida tivesse mais uma volta, o espanhol teria condições de utilizar o DRS e desafiar o finlandês pela liderança.
Mais atrás, Jenson Button fazia um bom trabalho segurando Vettel, cavando mais um terceiro lugar em Yas Marina, o quarto em quatro oportunidades, até que, a quatro giros do fim, o alemão conseguiu ultrapassar o britânico por fora na freada da curva 11, o que levou o piloto da Red Bull a um inesperado pódio, ganhando nada menos do que 21 posições durante toda a prova, igualando a marca de Emerson Fittipaldi arrebatada em Long Beach no ano de 1980, quando também largou da 24ª colocação para terminar em terceiro naquele que foi seu último pódio da carreira.
Sem dúvida alguma o que se viu foram atuações "de gala" de Alonso e Vettel, digna de verdadeiros bicampeões, sendo uma pena que apenas um deles tenha que ficar com o título da temporada de 2012, já que ambos são merecedores da glória, ainda mais depois daquilo que se viu hoje.
Alheio a tudo isso, Kimi Räikkönen pôde, finalmente, conquistar a tão esperada vitória nesse seu retorno após ter sido demitido da Ferrari em 2009 para passar dois anos com resultados medianos participando do WRC, conquista que, por óbvio, somente foi atingida em razão de mais uma falha mecânica no carro de Hamilton, o dominador do fim de semana, para desespero da McLaren.
Para muitos, é o primeiro triunfo da Lotus desde que Ayrton Senna venceu o GP dos Estados Unidos em Detroit no ano de 1987. Para mim, é a primeira desse time, que já foi Toleman, Benetton e Renault, desde que Alonso chegou em primeiro em Fuji pelo GP do Japão de 2008.
Entre os demais, grande corrida da Williams, que teve ambos os seus pilotos na zona de pontuação, algo que não ocorria desde a prova na China, com Pastor Maldonado, que padeceu dos mesmos problemas no KERS que afligiram seu colega de equipe na qualificação, na quinta colocação, e Bruno Senna na oitava posição, ajudado, é claro por ambos os períodos do safety car e o excessivo número de abandonos por acidentes, a despeito de uma rodada na primeira curva após ser atingido por Hülkenberg.
Destaque também para Kamui Kobayashi, que saiu da 15ª colocação para a sexta posição, conseguindo, mesmo com um KERS defeituoso após a segunda relargada, segurar a Ferrari de Felipe Massa e a Williams de Bruno Senna, que vinha com os pneus macios.
E mais uma vez volto a comentar a ausência de critérios dos comissários nas punições, ou a falta delas, em incidentes durante a prova.
A questão toda fica para o stop & go dado a Sergio Pérez por ter atirado Paul di Resta para fora da pista e, na sequência, ter retornado ao traçado logo à frente de Grosjean, o que causou um enrosco entre o mexicano, o franco-suíço, envolvendo também Mark Webber, que "comprou pronto" o entrevero.
Não discuto aqui a punição imposta ao piloto da Sauber, que foi justa, mas sim o fato de Mark Webber, por uma manobra bastante similar, não ter recebido um drive through após uma desastrada tentativa de ultrapassagem sobre Felipe Massa na curva 11, que levou o australiano a cortar caminho, retornando à pista à frente da Ferrari para causar uma rodada do brasileiro.
Por outro lado, foi uma atração à parte as conversas de rádio entre pilotos e equipes que foram levadas ao ar na transmissão da prova, principalmente aquelas de Kimi Räikkönen, que por várias vezes pediu para não ser importunado após receber avisos e conselhos de seu engenheiro.
Essa foi a classificação final do GP de Abu Dhabi:
Piloto (País) | Equipe/Motor | Tempo de prova | |
1º
| Kimi Räikkönen (FIN) | Lotus/Renault | 55 voltas em 1h45min58s667 |
2º
| Fernando Alonso (ESP) | Ferrari | a 00s852 |
3º
| Sebastian Vettel (ALE) | Red Bull/Renault | a 04s163 |
4º
| Jenson Button (GBR) | McLaren/Mercedes-Benz | a 07s787 |
5º
| Pastor Maldonado (VEN) | Williams/Renault | a 13s007 |
6º
| Kamui Kobayashi (JAP) | Sauber/Ferrari | a 20s076 |
7º
| Felipe Massa (BRA) | Ferrari | a 22s896 |
8º
| Bruno Senna (BRA) | Williams/Renault | a 23s542 |
9º
| Paul di Resta (GBR) | Force India/Mercedes-Benz | a 24s160 |
10º | Daniel Ricciardo (AUS) | Toro Rosso/Ferrari | a 27s463 |
11º | Michael Schumacher (ALE) | Mercedes | a 28s075 |
12º | Jean-Éric Vergne (FRA) | Toro Rosso/Ferrari | a 34s906 |
13º | Heikki Kovalainen (FIN) | Caterham/Renault | a 47s764 |
14º | Timo Glock (ALE) | Marussia/Cosworth | a 56s473 |
15º | Sergio Pérez (MEX) | Sauber/Ferrari | a 56s768 |
16º | Vitaly Petrov (RUS) | Caterham/Renault | a 1min04s595 |
17º | Pedro de la Rosa (ESP) | HRT/Cosworth | a 1min11s778 |
Com apenas duas etapas faltando, Sebastian Vettel consegue manter sua liderança, ainda que a vantagem tenha sido reduzida para dez pontos, o que permite que o alemão arrebate o título com uma rodada de antecedência, bastando marcar quinze pontos a mais que Alonso.
Para atingir o tri, Vettel precisa de um pódio. Se vencer, Alonso não pode ir além do quinto lugar. Se chegar em segundo, o piloto da Ferrari não pode chegar além do nono lugar. Caso o alemão termine em terceiro, o espanhol não pode pontuar.
Mesmo vencendo em Abu Dhabi, quebrando um jejum de três anos, Räikkönen deixa matematicamente a disputa pelo título, a qual se restringe apenas a Vettel e Alonso, as estrelas da temporada.
1º
| Sebastian Vettel | 255 |
2º
| Fernando Alonso | 245 |
3º
| Kimi Räikkönen | 198 |
4º
|
Mark Webber
| 167 |
5º
| Lewis Hamilton | 165 |
6º
| Jenson Button | 153 |
7º
| Felipe Massa |
95
|
8º
| Nico Rosberg |
93
|
9º
| Romain Grosjean |
90
|
10º | Sérgio Pérez |
66
|
11º | Kamui Kobayashi |
58
|
12º |
Nico Hülkenberg
|
49
|
13º | Paul di Resta |
46
|
14º | Pastor Maldonado |
43
|
15º |
Michael Schumacher
|
43
|
16º | Bruno Senna |
30
|
17º | Jean-Éric Vergne |
12
|
18º | Daniel Ricciardo |
10
|
Por apenas quatro pontos a Red Bull deixou de assegurar o título de construtores nos Emirados Árabes, graças ao enrosco de Pérez e Grosjean que envolveu Mark Webber.
Entretanto, dificilmente a escuderia austríaca perderá a oportunidade de conquistar o tricampeonato já na próxima etapa, já que, para levar a disputa para o Brasil, a Ferrari precisa marcar nada menos do que quarenta pontos a mais que a atual líder do certame.
1º | Red Bull | 422 |
2º | Ferrari | 340 |
3º | McLaren | 318 |
4º | Lotus | 288 |
5º | Mercedes | 136 |
6º | Sauber | 124 |
7º | Force India |
95
|
8º | Williams |
73
|
9º | Toro Rosso |
22
|
A próxima etapa do campeonato acontece daqui a duas semanas no espetacular Circuito das Américas, em Austin, Texas, que estreia no calendário da categoria, com o retorno do GP dos Estados Unidos, que não é disputado desde 2007, quando Fernando Alonso venceu com a McLaren no circuito misto em Indianápolis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário