Depois de perder uma vitória praticamente certa em Silverstone, mesmo saindo da pole, em razão da escolha equivocada na estratégia dos pneus, desse vez em Hockenheim Fernando Alonso não deu chances ao azar, escolhendo o convencional para ser bem sucedido e só não venceu de ponta-a-ponta porque Sebastian Vettel optou por esticar seu primeiro stint em duas voltas.
Apesar de não ter tido uma folga superior a cinco segundos durante as 67 voltas, sendo pressionado um pouco de longe tanto pelo atual bicampeão como por Jenson Button ao final, o espanhol da Ferrari realmente parecia ter o controle completo do que acontecia atrás dele, dando mostras que, na realidade, ele apenas corria pensando em evitar o desgaste desnecessário dos seus pneus e que tinha condições de aumentar o ritmo quando bem entendesse ou fosse necessário, algo que realmente ocorreu nas derradeiras voltas.
É, pois, mais uma mostra da capacidade de Alonso ao volante de um carro que, no início da temporada, sofria até mesmo para chegar à Q3, mas que agora soma a terceira vitória em uma temporada marcada pelo equilíbrio, com provas decididas nos detalhes e com classificações contendo pilotos próximos uns aos outros.
A despeito disso, a atenção da mídia e dos amantes da Fórmula 1 ao final da prova foi mesmo a polêmica punição imposta a Sebastian Vettel pela ultrapassagem feita no penúltimo giro sobre Jenson Button, quando o piloto da Red Bull utilizou a parte de fora da pista na saída da Spitzkehre para superar o britânico.
Pelo que foi veiculado pela imprensa brasileira presente em Hockenheim, houve um debate entre os pilotos e Charles Whiting, diretor de prova, durante o briefing que acontece antes da corrida onde ficou estabelecido que a ultrapassagem com as quatro rodas além da linha branca delimitadora da pista seria considerada ilegal e assim evitar os incidentes que aconteceram com Hamilton e Rosberg no Bahrein neste ano e entre Alonso e Vettel em Monza no ano passado.
Por este ponto de vista, a punição imposta a Vettel, com o acréscimo de vinte segundos sobre o tempo final dele, o que o fez cair de segundo para a quinta posição, foi absolutamente legal, o que não significa que tenha sido justa.
Em muitas situações semelhantes no passado, alguns pilotos agiram exatamente como fez Vettel, inclusive Schumacher, no ano de 2003, quando passou Jarno Trulli exatamente no mesmo local, como se pode ver nesse vídeo, a partir da posição 2:48, ou mesmo Alonso durante a primeira volta do GP da Bélgica de 2007, isso sem contar aquelas disputas entre Felipe Massa e Robert Kubica em Fuji, também em 2007, ou a antológica briga de Gilles Villeneuve e René Arnoux em Dijon, no ano de 1979, inexistindo quaisquer punições aos envolvidos.
Em razão disso, para os fãs mais puristas, grupo a qual eu me incluo, a punição imposta foi absolutamente absurda, bem porque Sebastian Vettel, em sua manobra, não ganhou qualquer vantagem, muito pelo contrário, pois teve méritos ao vir por fora, percorrendo maior distância em um lugar em que o asfalto é menos aderente e ainda contem muita sujeira.
Muitos dizem que, se no local existisse uma caixa de brita, Vettel teria ficado atolado, argumento que não convence, porque ela simplesmente não existe ali, como é o caso da curva 1, a Nordkurve, quando inúmeros carros utilizaram a parte asfaltada na largada e por várias vezes durante a prova, sem punições a ninguém.
Fato é que a McLaren e Jenson Button, ao se queixarem da manobra de Sebastian Vettel apenas ajudaram a Fernando Alonso, já que fez com que o alemão perdesse pontos importantes na disputa pelo título, aumentando a folga do espanhol.
Essa, aliás, não foi a única controvérsia em que se envolveu o piloto da Red Bull, tendo tido problemas, curiosamente, com o outro piloto da McLaren, Lewis Hamilton que, uma volta atrás, quis provar que tinha carro para andar no ritmo dos ponteiros se não fosse o pneu furado no início da prova e atacou até passar Sebastian Vettel, fazendo com que o alemão perdesse segundos preciosos que, a propósito, pode ter decidido a corrida em favor de Alonso ou mesmo teria evitado que o alemão retornasse da sua segunda parada atrás de Button.
A atitude de Hamilton foi realmente estúpida, ainda que inteiramente legal, pois quer ele queira, quer não, naquele momento era retardatário e sua obrigação era a de dar passagem aos ponteiros e não atrapalhar a disputa entre eles.
Na realidade, o britânico parecia totalmente desmotivado após ter tido o problema de pneu furado no início da prova, sendo claro o desejo dele em abandonar a competição, algo que acabou por acontecer ao final, cujas razões não foram divulgadas pela McLaren, sendo o único daqueles que largaram a não terminar a corrida.
Alheio a tudo isso, Kamui Kobayashi herdou o quarto lugar, o melhor resultado da carreira do japonês na Fórmula 1, depois de uma briga de foice que envolveu ambos os pilotos da Force India, além de Pérez, Schumacher e Webber.
A Sauber, aliás, foi muito bem em Hockenheim pois além da excelente corrida de Kobayashi, que largou de 12º, teve Pérez, punido na qualificação de sábado, o que o fez ser remanejado para a 17ª colocação no grid, chegando em uma importante sexta colocação.
Já os brasileiros, que não foram bem na qualificação, não tiveram muita sorte na prova e foram alijados pela disputa por pontos ainda na primeira volta, tendo Massa perdido o bico dianteiro ao tocar na traseira de Ricciardo antes da primeira curva e Senna foi atingido por Grosjean na reta oposta, o que resultou em um pneu furado danos na asa dianteira.
Os pilotos da Ferrari e Williams partiram para uma prova de recuperação e mostraram que tinham carro para figurar entre os dez primeiros, tanto que a melhor volta de Massa na prova foi pouco mais de um décimo de segundo mais lenta da de Alonso, enquanto que a de Senna foi quase três décimos pior do que a de Maldonado.
Aliás, no início da prova, vendo pelas tomadas das câmeras da transmissão, era nítido que Senna, que vinha à frente de Alonso na pista, andava em um ritmo mais ou menos semelhante ao dos ponteiros, mas foi Massa, porém, que chegou mais próximo de pontuar ao terminar a prova na 12ª colocação, a cerca de 23 segundos do décimo colocado, que foi Nico Rosberg.
Por outro lado, enquanto a Jenson Button mostra sinais de recuperação de desempenho, principalmente com o pacote de atualização trazido para Hockenheim, Michael Schumacher prova que tem carro apenas para brigar por boas posições na qualificação, já que em ritmo de corrida o W03 desgasta excessivamente os pneus, tanto que o multicampeão, bem como seu colega de equipe na Mercedes, Nico Rosberg, partiram para uma estratégia de três paradas, o que destoou dos demais e explica o fato de Schumacher ter terminado numa discreta sétima colocação apesar de ter largado de terceiro.
Essa foi a classificação final do GP da Alemanha:
1º | Fernando Alonso (ESP) | Ferrari | 67 voltas em 1h31min05s862 |
2º | Jenson Button (GBR) | McLaren/Mercedes-Benz | a 06s494 |
3º | Kimi Räikkönen (FIN) | Lotus/Renault | a 16s409 |
4º | Kamui Kobayashi (JAP) | Sauber/Ferrari | a 21s925 |
5º | Sebastian Vettel (ALE) | Red Bull/Renault | a 03s732 + 20s de penalidade |
6º | Sergio Pérez (MEX) | Sauber/Ferrari | a 27s896 |
7º | Michael Schumacher (ALE) | Mercedes | a 28s970 |
8º | Mark Webber (AUS) | Red Bull/Renault | a 46s941 |
9º | Nico Hülkenberg (ALE) | Force India/Mercedes-Benz | a 48s162 |
10º | Nico Rosberg (ALE) | Mercedes | a 48s889 |
11º | Paul di Resta (GBR) | Force India/Mercedes-Benz | a 59s227 |
12º | Felipe Massa (BRA) | Ferrari | a 1min11s428 |
13º | Daniel Ricciardo (AUS) | Toro Rosso/Ferrari | a 1min16s829 |
14º | Jean-Éric Vergne (FRA) | Toro Rosso/Ferrari | a 1min16s965 |
15º | Pastor Maldonado (VEN) | Williams/Renault | a 1 volta |
16º | Vitaly Petrov (RUS) | Caterham/Renault | a 1 volta |
17º | Bruno Senna (BRA) | Williams/Renault | a 1 volta |
18º | Romain Grosjean (SUI) | Lotus/Renault | a 1 volta |
19º | Heikki Kovalainen (FIN) | Caterham/Renault | a 2 voltas |
20º | Charles Pic (FRA) | Marussia/Cosworth | a 2 voltas |
21º | Pedro de la Rosa (ESP) | HRT/Cosworth | a 2 voltas |
22º | Timo Glock (ALE) | Marussia/Cosworth | a 3 voltas |
23º | Narain Karthikeyan (IND) | HRT/Cosworth | a 3 voltas |
Sendo o único a pontuar em todas as corridas da temporada, em uma sequência que vem desde que abandonou por acidente no GP do Canadá do ano passado, e agora com a inédita terceira vitória na temporada, Alonso abre 34 pontos na liderança e já começa a sonhar mais claramente com a possibilidade de título, o que seria seu primeiro pela Ferrari.
1º | Fernando Alonso | 154 |
2º | Mark Webber | 120 |
3º | Sebastian Vettel | 110 |
4º |
Kimi Räikkönen
| 98 |
5º | Lewis Hamilton | 92 |
6º | Nico Rosberg | 76 |
7º | Jenson Button | 68 |
8º | Romain Grosjean | 61 |
9º | Sérgio Pérez | 47 |
10º | Kamui Kobayashi | 33 |
11º | Pastor Maldonado | 29 |
12º |
Michael Schumacher
| 29 |
13º | Paul di Resta | 27 |
14º | Felipe Massa | 23 |
15º |
Nico Hülkenberg
| 19 |
16º | Bruno Senna | 18 |
17º | Jean-Éric Vergne | 4 |
18º | Daniel Ricciardo | 2 |
A Red Bull, única equipe grande a pontuar com seus dois pilotos em Hockenheim, mantem a ponta no mundial de construtores com 53 pontos de vantagem para a Ferrari, que se estabelece em segundo.
A McLaren, que depois do fiasco em Silverstone, havia caído para a quarta colocação, consegue recuperar a posição da Lotus e ascende ao terceiro posto da tabela.
1º | Red Bull | 230 |
2º | Ferrari | 177 |
3º | McLaren | 160 |
4º | Lotus | 159 |
5º | Mercedes | 105 |
6º | Sauber | 80 |
7º | Williams | 47 |
8º | Force India | 46 |
9º | Toro Rosso | 6 |
Como é costumeiro nessa fase, teremos apenas uma semana de folga até o próximo evento da Fórmula 1, o GP da Hungria, que acontece no próximo domingo, em prova que antecede as férias de verão imposta pela FIA.
No ano passado a corrida em Hungaroring foi vencida por Jenson Button, que na época completava seu 200º GP na categoria.
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