Com a praticamente inédita ausência da intervenção do safety car, a GP2 fez hoje, logo após o treino de qualificação para o GP da Alemanha de Fórmula 1, a primeira corrida da oitava rodada dupla da temporada com a improvável vitória do venezuelano Johnny Cecotto, que fez uma aposta arrojada e colheu bons frutos.
Para este fim de semana, duas equipes realizaram alterações em sua linha de pilotos, sendo a primeira delas a Rapax, que promoveu o retorno do holandês Tom Dillmann no lugar do compatriota Daniel de Jong, que nada fez na GP2 em Valência e Silverstone além de se qualificar mal e se envolver em acidentes, um deles até de forma "tosca".
Na Lazarus, apoiada pelo governo venezuelano, houve a troca de Fabrizio Crestani, que marcou até agora o único ponto do time, pelo espanhol Sergio Canamasas, de 26 anos, idade considerada elevada para os padrões de uma categoria de base, que estava sem correr desde que terminou a temporada passada da Fórmula Renault 3.5, com resultados discretos, tendo também participado de alguns testes de pré-temporada pela Rapax.
Na qualificação, a chuva que atrapalhou os treinos livres de sexta-feira da Fórmula 1 também deu as caras e no molhado, Giedo van der Garde se saiu melhor ao marcar a pole position, abiscoitando os quatro pontos de bonificação, enquanto que os principais aspirantes ao título, Razia e Valsecchi, ficaram, respectivamente, com a oitava e quinta colocações na grelha de partida.
Por outro lado, o aguaceiro que que caiu minutos antes durante a Q3 da Fórmula 1 não se estendeu até a largada da GP2 e deixou apenas um resquício de asfalto molhado, o que obrigou os pilotos a iniciarem a prova com os pneus de chuva, já que a categoria não possui os pneus intermediários.
Apenas dois pilotos, no entanto, fizeram a aposta arriscada de largar com os pneus slicks naquela superfície bem escorregadia, Johnny Cecotto e Stéphane Richelmi, que largavam das distantes 17ª e 22ª posições, tendo o venezuelano optado pelos pneus médios enquanto o monegasco escolheu sair com os pneus macios.
Ambos conseguiram se segurar na pista nas voltas iniciais e, a partir do momento em que a pista secou por completo, pelo menos na região do "trilho", começaram a escalar o pelotão com extrema facilidade, tendo Cecotto, na sexta volta, passado por seus carros em meia pista, dois deles, Razia e Coletti, por fora na Sachskurve.
Quando todos começaram a fazer suas respectivas paradas, Cecotto assumiu a ponta e não a perdeu mais, principalmente porque teve a oportunidade de cumprir sua troca de pneus obrigatória já no terço final da prova, o que lhe garantiu borracha nova para abrir uma vantagem confortável até a bandeira quadriculada para a segunda vitória na GP2, ambas conquistadas nesta temporada.
O venezuelano da Barwa Addax, de quebra, ainda foi agraciado com os pontos extras por ter feito a melhor volta entre aqueles que ficaram entre os dez primeiros colocados, marcando o tempo de 1min26s629, à média de 190,079 km/h, ressaltando que o melhor giro da prova foi registrado por Fabio Onidi, com um tempo quase um segundo e meio mais rápido por ter feito uma de suas três paradas no fim da corrida.
Com os pneus de tarja amarela, Richelmi não conseguiu acompanhar o ritmo de Cecotto, tanto que, ao retornar do pit obrigatória, o piloto voltou no meio de um "bolo" formado por Nasr, Van der Garde e Melker, tendo de ultrapassá-los para garantir o terceiro lugar e subir ao pódio pela primeira oportunidade na GP2.
Daqueles que largaram com os pneus do tipo "biscoito", Fabio Leimer foi absoluto, o que lhe valeu a segunda posição a mais de dez segundos à frente de Nasr, o primeiro daqueles que largaram nas mesmas condições do suíço.
O brasileiro, aliás, parece finalmente ter "pego a mão" do Dallara GP2-11, pois novamente fez uma corrida consistente e ficou perto de conquistar mais um pódio, algo que só não aconteceu devido à ousadia de Cecotto de Richelmi.
Líder do campeonato, Luiz Razia fez uma corrida inteligente ao perceber que não tinha carro para brigar pela vitória. Sem se arriscar, o baiano não foi além da sétima colocação, o que lhe rendeu pontos importantes no campeonato, mostrando novamente sua evolução como piloto ao se defender com maestria dos ataques de James Calado nas voltas finais da prova, por fora e por dentro no gancho Spitzkehre.
A tranquilidade de Razia, aliás, contrastou com a afobação de Valsecchi, que liderou o certame até Valência e desde então vem cometendo erros que podem comprometer o tão sonhado título, iniciando sua jornada em Hockenheim com uma saída de pista na curva 8 ainda na volta inaugural, o que lhe valeu a perda de quatro posições, inclusive para Luiz Razia.
Depois, acabou caindo ainda mais na classificação quando teve de ir aos boxes para trocar os pneus de chuva para os slicks e teve de esperar que a equipe terminasse o serviço no carro de Nasr, seu colega de equipe.
Ao tentar voltar à zona de pontuação, Valsecchi deixou de lado a condução equilibrada que normalmente tem para poupar pneus e foi para cima de seus adversários, algumas vezes até literalmente, quando acertou a traseira do carro de Coletti no gancho após a reta oposta.
Mesmo com o bico danificado no acidente, o italiano conseguiu chegar à zona de pontuação depois de ultrapassar o próprio Coletti, além de Ericsson e Calado, mas logo toda essa agressividade cobrou seu preço e Valsecchi, já sem pneus, saiu da pista por duas vezes, tendo de voltar aos boxes para uma segunda troca de pneus, o que lhe fez "dar adeus" aos pontos.
Com um bom resultado em Silverstone, Nigel Melker voltou a ser destaque em Hockenheim, principalmente pela uma exuberante primeira volta em que passou Leimer e Van der Garde na reta oposta para liderar a prova até que a pista começou a secar e a carruagem do holandês da Ocean Racing virou abóbora, fazendo-o cair na classificação até parar na sexta posição, onde ficou até o fim da prova.
O outro piloto do time português, o brasileiro Victor Guerin, largando da sétima posição, seu melhor resultado em treinos de qualificação, também esteve próximo de pontuar, algo inédito para ele, mas ainda nas voltas iniciais foi tirado da pista por um desesperado Berthon, comprometendo a corrida do brasileiro, o qual abandonou a prova a dez voltas do fim ao rodar na Onkokurve e seguir diretamente para a caixa de brita.
De se destacar as provas dos dois pilotos da Lotus ART, que carregavam punições em razão dos acidentes que provocaram em Silverstone. Bem mais "comportados", Calado e Gutiérrez tiveram de largar do meio do pelotão, mas mesmo assim conseguiram chegar à zona de pontuação, ainda que o mexicano quase tenha colocado tudo a perder na última volta ao tentar, de forma desengonçada, passar por Ericsson na Spitzkehre, abrindo oportunidade para que Dillmann passasse a ambos, o que custou a Gutiérrez a nona colocação.
Marcaram pontos na primeira bateria em Hockenheim:
| 1º | Johnny Cecotto (VEN) | Barwa Addax |
| 2º | Fabio Leimer (SUI) | Racing Engineering |
| 3º | Stéphane Richelmi (MON) | Trident |
| 4º | Felipe Nasr (BRA) | DAMS |
| 5º | Giedo van der Garde (HOL) | Caterham |
| 6º | Nigel Melker (HOL) | Ocean Racing |
| 7º | Luiz Razia (BRA) | Arden |
| 8º | James Calado (GBR) | Lotus ART |
| 9º | Tom Dillmann (HOL) | Rapax |
| 10º | Esteban Gutiérrez (MEX) | Lotus ART |
Razia começa a se distanciar de Valsecchi na tabela e já tem doze pontos de vantagem para o italiano que, por sua vez, já começa a ser incomodado pela aproximação de Gutiérrez.
| 1º |  Luiz Razia | 171 |
| 2º |  Davide Valsecchi | 159 |
| 3º |  Esteban Gutiérrez | 123 |
| 4º |  Giedo van der Garde | 107 |
| 5º |  James Calado | 99 |
| 6º | Max Chilton
| 95 |
| 7º |  Fabio Leimer | 87 |
| 8º |  Johnny Cecotto | 76 |
| 9º | Felipe Nasr
| 58 |
| 10º |  Marcus Ericsson | 56 |
| 11º | Jolyon Palmer | 48 |
| 12º |  Nathanaël Berthon | 41 |
| 13º |  Stefano Coletti | 31 |
| 14º | Tom Dillmann | 29 |
| 15º |  Rio Haryanto | 27 |
| 16º | Nigel Melker | 24 |
| 17º | Stéphane Richelmi | 19 |
| 18º | Fabio Onidi | 13 |
| 19º | Rodolfo González | 6 |
| 20º | Simon Trummer | 4 |
| 21º |  Julián Leal | 1 |
| 22º | Fabrizio Crestani | 1 |
| 23º |  Brendon Hartley | 1 |
Com o bom resultado de Nasr, a DAMS se aproveitou das punições que ambos os pilotos da Lotus ART trouxeram de Silverstone para encostar um pouco do topo da tabela, diminuindo a desvantagem de doze para apenas cinco pontos.
| 1º | Lotus ART | 222 |
| 2º | DAMS | 217 |
| 3º | Arden | 175 |
| 4º |  Racing Engineering | 128 |
| 5º | Carlin
| 122 |
| 6º |  Caterham | 113 |
| 7º | iSport
| 104 |
| 8º | Barwa Addax | 76 |
| 9º | Coloni | 44 |
| 10º | Rapax | 29 |
| 11º |  Ocean Racing | 25 |
| 12º | Trident | 20 |
| 13º | Lazarus | 1 |
Amanhã acontecerá a sprint race da GP2 antes do evento principal do fim de semana, o GP da Alemanha, tendo James Calado na pole em razão da inversão do grid de largada entre os oito primeiros da feature race, com o brasileiro Luiz Razia, que busca a sua quinta vitória na temporada, partindo da segunda colocação.
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