A semana da última etapa do DTM, o Campeonato Alemão de Carros de Turismo, foi bastante agitada por conta dos diversos anúncios, tanto da categoria, quanto de alguns de seus pilotos, em relação aos projetos futuros.
De início, foi divulgado que, a princípio, a Mercedes-Benz teria duas vagas abertas para 2013, já que dois de seus pilotos, David Coulthard e Susie Stoddart Wolff, informaram que deixariam a categoria, o mesmo destino que, certamente, Ralf Schumacher também terá diante da não renovação de seu contrato.
A BMW também publicou que, no ano que vem, competirá com mais dois carros, totalizando oito, em igualdade de condições com a Mercedes-Benz e a Audi, já que nesse ano de estreia a marca bávara alinhou apenas seis carros divididos em três escuderias.
A mais importante notícia, no entanto, foi o acordo firmado pelo DTM e a Super GT japonesa de parceria técnica a partir 2014, abrindo oportunidade de intercâmbio entre as categorias, o que poderá significar a estreia de marcas como Nissan, Honda e Lexus no torneio alemão, ressaltando que a primeira dessas tem como contratado o excelente piloto brasileiro João Paulo de Oliveira.
Voltando à área da competição propriamente dita, estava tudo mais ou menos arrumado para a comemoração de mais um título pela Mercedes-Benz, principalmente em razão do retrospecto da marca de Stuttgart em Hockenheim, pista onde se encontrava invicta desde a prova de encerramento do campeonato de 2009.
Norbert Haug, Gary Paffett e o staff da Mercedes-Benz, porém, não contavam com a grande vontade de Bruno Spengler em debutar no rol dos campeões.
Norbert Haug, Gary Paffett e o staff da Mercedes-Benz, porém, não contavam com a grande vontade de Bruno Spengler em debutar no rol dos campeões.
Tudo veio abaixo quando Gary Paffett, que ficou com o segundo tempo na qualificação, largou muito mal e chegou a cair para a quinta colocação, recuperando dois lugares na saída do gancho Spitzkehre aproveitando-se da manobra de Ekström, que abriu caminho para o britânico numa tentativa de ultrapassagem sobre Joey Hand.
Mais à frente, Augusto Farfus, que marcou sua segunda pole position consecutiva, arrancou para a ponta, mas foi obrigado, após evidente ordem de equipe, a abrir passagem ainda na primeira volta para Bruno Spengler, que saiu do terceiro lugar no grid para a segunda colocação, justamente no complexo da Mercedes Arena, em uma icônica ironia.
Apesar de mais rápido que o brasileiro, Paffett não conseguiu superá-lo na pista, tendo necessitado de um trabalho mais rápido de troca de pneus na primeira das duas paradas obrigatórias para alcançar o segundo posto, ainda que seu time o tenha liberado em condições perigosas, algo que a BMW também fez com Farfus, o qual acabou recebendo um pequeno "chega para lá" do piloto da Mercedes na saída do pit lane.
Com isso, iniciou-se a perseguição do então líder do campeonato sobre Spengler, tornando o final da prova eletrizante até que, a cerca de quatro voltas do fim, ficou claro que Paffett não teria condições de encostar no canadense e muito menos passá-lo.
As 128 mil pessoas presentes em Hockenheim, então, puderam testemunhas a vitória e o primeiro campeonato de Bruno Spengler, piloto que foi "abraçado" pela Mercedes-Benz no início da carreira no DTM, e por quem perdeu os títulos de 2010 e 2011 depois de liderar a maior parte do certame, mas que conquistou finalmente a glória na rival BMW, após ser contratado a peso de ouro no retorno da marca de Munique.
Desolado, Gary Paffett ficou com seu quarto vice-campeonato e certamente tinha em mente que o campeonato foi perdido na prova em Valência, onde fez uma largada descuidada que o levou posteriormente ao abandono na única oportunidade em que o britânico não pontuou durante todo o ano.
Com o terceiro lugar na prova, Augusto Farfus confirma sua adaptação na categoria, principalmente após uma vitórias e duas pole positions nesse fim de temporada, e certamente dará ao automobilismo brasileiro muitas glórias nessa sua parceria de vários anos com a BMW.
Entre os demais, grandes corridas de Dirk Werner, o quinto colocado, e Joey Hand que, apesar de ter chegado a figurar na terceira colocação por alguns instantes, acabou em oitavo, seu melhor resultado no DTM.
Pela Mercedes-Benz, Ralf Schumacher, muito provavelmente na sua última prova na categoria, ficou com a nona colocação, enquanto que David Coulthard fez sua melancólica despedida, abandonando a prova após ser tocado por Timo Scheider e, por sua vez, Susie Wolff, que durante a semana testou pela primeira vez o Williams de Fórmula 1 na condição de piloto de testes, muito em função do fato de seu marido, Toto Wolff, ser um dos diretores do time de Grove, ficou com um 13º lugar na prova.
Já a Audi fez uma das suas piores participações na temporada, tendo o seu melhor piloto, Edoardo Mortara, apenas na sexta colocação, já que a marca de Ingolstadt perdeu a oportunidade de brigar por um pódio depois que Mattias Ekström teve de abandonar logo na saída dos boxes após a primeira parada regulamentar porque a porca da roda dianteira direita não foi corretamente apertada pelos mecânicos.
Esses foram os que pontuaram em Hockenheim:
1º
| Bruno Spengler (CAN) | BMW M3 |
2º
| Gary Paffett (GBR) | Mercedes-Benz AMG C-Coupé |
3º
| Augusto Farfus (BRA) | BMW M3 |
4º
| Jamie Green (GBR) | Mercedes-Benz AMG C-Coupé |
5º
| Dirk Werner (GBR) | BMW M3 |
6º
| Edoardo Mortara (ITA) | Audi A4 |
7º
| Andy Priaulx (GBR) | BMW M3 |
8º
| Joey Hand (EUA) | BMW M3 |
9º
| Ralf Schumacher (ALE) | Mercedes-Benz AMG C-Coupé |
10º | Christian Vietoris (ALE) | Mercedes-Benz AMG C-Coupé |
Com uma excepcional arrancada na segunda metade do campeonato, a qual rendeu três vitórias, Bruno Spengler pode, finalmente, livrar-se da estigma de "pipoqueiro" para faturar o título sem ter liderado o certamente em nenhuma oportunidade nas nove outras etapas do campeonato.
O desastre ficou para Gary Paffett, que ponteou a tabela do certame da prova de abertura até Valência, chegando a ter 36 pontos de vantagem, mas ficou sem o "caneco".
Com a sétima colocação, Augusto Farfus foi o segundo melhor da BMW e único piloto da marca além de Spengler a vencer uma das etapas do calendário, o que deixou o brasileiro à frente de Tomczyk, o campeão de 2011, no critério de desempate.
1º
| Bruno Spengler | 149 |
2º
| Gary Paffett |
145
|
3º
| Jamie Green |
121
|
4º
| Mike Rockenfeller |
85
|
5º
| Edoardo Mortara |
82
|
6º
| Mattias Ekström |
81
|
7º
| Augusto Farfus |
69
|
8º
| Martin Tomczyk |
69
|
9º
| Dirk Werner |
29
|
10º | Adrien Tambay |
28
|
11º | Filipe Albuquerque |
26
|
12º | Christian Vietoris |
25
|
13º | Andy Priaulx |
24
|
14º | Timo Scheider |
19
|
15º | David Coulthard |
14
|
16º | Robert Wickens |
14
|
17º | Ralf Schumacher |
10
|
18º | Miguel Molina |
8
|
19º | Rahel Frey |
6
|
20º | Joey Hand |
6
|
Não foi só Paffett que perdeu o campeonato após liderar o certame da primeira à penúltima etapa, já que o time principal da Mercedes, a HWM, patrocinada por Thomas Sabo e Mercedes-Benz Bank, foi alijado de comemorar o título e ficou com o "bi-vice-campeonato".
Estreando na categoria, o time Schitzer foi o grande campeão de 2012, dando à BMW seu primeiro título na categoria nesse retorno da marca e, de quebra, rompeu a sequência Audi/Mercedes-Benz que durava desde 2000, quando o campeonato voltou a ser realizado.
1º
|
BMW Team Schnitzer
| 178 |
2º
|
Thomas Sabo/Mercedes-Benz Bank AMG
| 170 |
3º
|
Mercedes AMG
|
131
|
4º
|
Audi Sport Team Rosberg
|
108
|
5º
| Audi Sport Team Abt Sportsline |
100
|
6º
|
BMW Team RBM
|
93
|
7º
|
Audi Sport Team Phoenix
|
93
|
8º
|
BMW Team RMG
|
75
|
9º
|
Abt Sportsline
|
34
|
10º |
DHL Paket/Stern Mercedes AMG
|
28
|
Para fechar com "chave de ouro", a BMW, mesmo com dois carros a menos que suas rivais, ficou com o título de construtores para abiscoitar tudo aquilo que era possível na temporada de 2012.
1º |
BMW
| 346 |
2º |
Audi
| 335 |
3º |
Mercedes-Benz
| 329 |
O campeonato, encerrado hoje, volta à ativa apenas em 2013 sem grandes novidades técnicas, mas apenas com a expectativa de uma remota participação de Michael Schumacher, que anunciou recentemente sua retirada da Fórmula 1.
Os organizadores da DTM ainda não anunciaram o calendário para o ano que vem, mas é certo que não haverá muitas modificações, sendo bem provável que o certame se inicie no final de abril com a prova inaugural em Hockenheim, como é de costume, a qual ocorrerá após a apresentação dos carros, times e pilotos na cidade alemão de Wiesbaden, capital do estado de Hesse.
Abaixo seguem dois vídeos contendo uma volta virtual em Hockenheim:
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